quarta-feira, 28 de julho de 2010

Precisamos formar 10 mil doutores por ano, diz presidente de associação de pós-graduandos

"Digo que precisamos formar mais de 10 mil doutores por ano para que possamos realizar o desenvolvimento econômico e social do país”, disse a presidente da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos), Elisangela Lizardo. “Tenho visto críticas equivocadas. Há quem diga que já temos muitos doutores, que não precisamos continuar formando no ritmo em que estamos", completou a acadêmica em mesa-redonda da 62ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que acontece de 25 a 30 de julho em Natal.
A mesa-redonda, que aconteceu dia 26 de julho, tratava dos três anos do Reuni (Programa Reestruturação e Expansão das Universidades Federal). Para ela, a expansão da graduação deve se estender à pós. “A ANPG ressalta que o fomento, em especial às bolsas, tanto de iniciação científica como para os pós-graduandos, é muito importante para o desenvolvimento do sistema. Essas iniciativas devem ser casadas", disse Elisangela. Outra especialista que participava do encontro, Helena Nader, considera a pós-graduação como um dos desafios do programa de expansão: “Quero ver como será o Reuni da pós-graduação”.
O representante do MEC (Ministério da Educação) no debate, Murilo Camargo, comentou sobre o Programa de Qualificação das Universidades Públicas. A iniciativa, que une MEC e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) tem como objetivo auxiliar as universidades a estruturar seus programas de pós-graduação. Segundo a Sesu (Secretaria de Ensino Superior), a  intenção é induzir e orientar para que as insstituições mais novas sejam polos produtores de conhecimento.
“Começou a ser feito um mapa da situação de cada instituição, pois elas terão que se atender, dentro de um prazo estabelecido, o que prevê resolução já aprovada pelo CNE, mas que ainda necessita de homologação pelo MEC”, explicou Camargo. O coordenador se referia à resolução, que regulamenta o art. 52, inciso I da Lei 9.394, de 1996, e dispõe sobre normas e procedimentos para credenciamento e recredenciamento de universidades do sistema federal de ensino. No art. 3º, inciso VI, é dito que, para ser credenciada como universidade, a instituição deve ter oferta regular de pelo menos quatro cursos de mestrado e dois de doutorado, reconhecidos pelo MEC. As instituições que não preenchem este requisito terão prazo para cumprimento até 2016.
                                                                                                               Informações da Capes

sábado, 24 de julho de 2010

III Fórum Internacional de Pedagogia-FIPED

 

 
O III Fórum Internacional de Pedagogia – FIPED será realizado, em 2010, em Quixadá-Ceará-Brasil. Este tem o objetivo de ser um ambiente de debate nacional e internacional, sobre a pesquisa na graduação que congregue profissionais e estudantes de Pedagogia e demais áreas da educação, visando assumir a causa da articulação entre ensino, pesquisa e extensão também na Graduação em Pedagogia e demais áreas de formación de docentes.
A criação desse espaço de discussão começou a se delinear em decorrência da reformulação do currículo dos Cursos de Pedagogia que dentre outra exigências, tem-se como necessidades emergentes a compreensão dos professores universitários como capazes de conduzir as aulas da Graduação em Pedagogia de tal forma que os discentes possam articular, desde os primeiros dias de aula, o aparato teórico da disciplina a um trabalho de investigação acerca de um tema de seu interesse, possibilitando ao aluno exercitar a sua própria palavra, dando os primeiros passos para a construção da autonomia profissional e intelectual por meio da pesquisa.
A programação do FIPED se constitui de conferências e palestras que serão realizadas por professores convidados, nas quais enfocarão políticas e experiências de pesquisa na graduação. Já as oficinas primam pela elaboração de um pré-projeto de pesquisa individual, constituindo-se, portanto, em instrumentos fundamentais para que o Fórum cumpra seu objetivo de criar um lugar no qual o graduando se engaje sistematicamente na pesquisa. As oficinas visam, portanto, a suprir uma lacuna específica percebida ao longo da história do Curso de Pedagogia de que muitos alunos estudam em Universidades em que a pesquisa não se faz ou está pouco presente.
Dessa forma, integrando o Fórum, estes estudantes participam de palestras que discutem a importância da pesquisa na graduação, interagem com colegas de outras IES, apresentando suas pesquisas e, ao retornarem para suas instituições, levam, além do debate e do relato do que presenciaram, o pré-projeto como algo concreto sobre como começar sua efetiva participação na pesquisa.  Portanto, as oficinas, integrantes do projeto geral do FIPED, visam a proporcionar um espaço para os graduandos em Pedagogia se engajarem em um trabalho pontual para obter, minimamente, a instrumentalização necessária para iniciar suas pesquisas individuais. Dessa forma, o aluno deve ir ao FIPED preparado para produzir, observando os eixos que se articulam na oficina, a apresentação da área e a escrita de um pré-projeto.
Assim, evidencia-se, portanto, o mérito desse Fórum na tomada de consciência da importância da pesquisa na graduação, ao mesmo tempo em que se institucionalizam as práticas de pesquisas na graduação em Pedagogia e demais licenciaturas, por parte de muitos professores. Espera-se, que com a realização do III FIPED, possa-se contribuir para que mais alunos se envolvam no processo de investigação e para que aqueles que já estão envolvidos em tal processo possam ter um espaço para problematizar suas pesquisas.
O I Fórum Internacional de Pedagogia – FIPED aconteceu na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – UERN – Campus de Pau dos Ferros, nos dias 27 e 28 de novembro de 2008, estruturado na discussão sobre a importância da PESQUISA e da EXTENSÃO como elementos constitutivos da formação em Pedagogia e demais profissionais da área de educação.
No ano de 2009 foi realizada a II versão do Encontro na Universidade Estadual da Paraíba – Campus de Campina Grande, no período de 25 a 27 de novembro, quando, assim como no Fórum anterior, constitui-se em espaço para apresentação das pesquisas que estão sendo desenvolvidas no âmbito da Graduação em Pedagogia e demais áreas envolvidas com a educação e formação docente. Isto posto, conscientes da importância da pesquisa e da extensão, o Fórum permanecerá com sua atenção centrada na figura do(a) graduando(a) e, através das atividades estruturadas para o evento procurará apresentar a(o)s participantes alternativas de inserção no mundo da pesquisa e da extensão, concebidas como base para a produção de um conhecimento efetivo do contexto no qual os(as) futuros(as) profissionais estarão inseridos(as).

Deste modo, as OFICINAS são espaços de destaque do evento e continuarão voltadas para elaboração de PRÉ-PROJETOS de pesquisa, oferecendo diretrizes e apresentando possibilidades de questões investigáveis, a partir das temáticas específicas tratadas em cada uma delas, objetivando mostrar a(o) graduando(a) o que e como se pesquisa em determinada área. Assim, o evento não discute uma temática específica, mas todas as questões relacionadas à educação brasileira, e de outros contextos similares, da Educação Infantil ao Ensino Superior.
Em termos gerais, pretendemos contribuir para a efetivação de modelo de universidade, capaz de desenvolver, na sua plenitude, as suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e produção cultural, pois almejamos ser, também a graduação, um espaço de construção do saber, da investigação científica e instância socializante, para tanto se faz necessário por em prática um novo projeto de educação pautado não apenas no ensino, mas primordialmente na pesquisa e na extensão. Estas práticas, inter-relacionadas, garantirão não só a difusão do conhecimento, como também distribuição do conhecimento, instrumento fundamental, nos nossos contextos, de sobrevivência e justiça social.
Enfim, é prerrogativa do III FIPED discutir a graduação a partir de uma nova dinâmica, para além do ensino, centrada na iniciação científica, como forma de produzir conhecimento novo, o que possibilitará formar professores(as) com um perfil diferenciado. Não mais queremos uma Graduação como mero local de transmissão de conhecimento formal, portadora dos ditames da conservação e reprodução da sociedade. Almejamo-la como lugar de consecução de ações de caráter educativo, científico, social, cultural, e tecnológico. Estimular a inserção do corpo discente na pesquisa, na extensão e nos grupos de trabalho e estudo tão logo ingressem na universidade deve se constituir em prerrogativa para todas as graduações envolvidas com a educação e, em particular, com a formação de professores(as) em geral.

INFORMAÇÕES SOBRE AS INSCRIÇÕES 

As inscrições estaão abertas desde o dia 24/05 indo até 30 de outubro* de 2010 e deverão ser efetivadas através do preenchimento do formulário de inscrição online no site do evento (www.uece.br/eventos/3fiped). Valores de inscriçoes constam no edital, link download.

CONFIRMAÇAO DAS INSCRIÇOES
a) O comprovante de pagamento da inscrição deverá ser enviado devidamente pago para o email, iiifipedquixada@gmail.com.
b) O inscrito receberá a confirmação da sua inscrição através de email.
PAGAMENTO
O inscrito deverá efetuar o pagamento nominal para Jorge Alberto Rodriguez e Lilian Mara Trevissam
Tavares, na Conta: 32.960 – 6, Agência: 0241-0, BANCO DO BRASIL impreterivelmente na boca do
caixa.
*ou até esgotarem as vagas.*
*total de vagas para alojamento a ser divulgada.
Dúvidas ou outras informações utilize Fale conosco ou ligue para (88) 3445-1039 ou (88) 3445- 1036.
Lista de GT's a serem escolhidos no item segmentos para apresentaçao de trabalhos:
GT – 01 – Educação Infantil.
GT – 02 – Currículo, práticas educativas e formação docente.
GT – 03 – Práticas Pedagógicas: educação a distancia e novas tecnologias.
GT – 04 – Prática educacional, inclusão e exclusão.
GT – 05 – Formação profissional: educação e mercado.
GT – 06 – Visões multifacetadas da pesquisa na área da educação.
GT – 07 – Formação de professores e os desafios da pesquisa na
universidade.
GT – 08 – Alfabetização e letramento: estudo, organização e funcionamento do
texto.
GT – 09 – Gestão escolar.
GT – 10 – Universidade: políticas educativas e ensino superior.
GT – 11 – O curso de Pedagogia no contexto do capitalismo contemporâneo.
GT – 12 – O cotidiano escolar: violência, rebeldia, conflitos e resistências da
sala de aula.
GT – 13 – Literatura e arte-educação: realidade, linguagens e estilos.
GT – 14 – Literatura infanto-juvenil: o lúdico na escola
GT – 15 – Saúde coletiva e elementos educativos.
GT – 16 – Educação do e no campo.
GT – 17 – Estágio supervisionado: diálogo e troca de experiências na formação
docente.
GT – 18 – Educação, meio ambiente e dilemas urbanos.
GT – 19 – Sociedade estética e cultura.
GT - 20 – Estudo da cultura afro-brasileira: discursos e práticas pedagógicas.
GT – 21 – Educação física: o corpo em debate.
GT – 22 – Mídia, educação e comunicação.
GT – 23 – Cultura popular: tradição, memória, identidade e patrimônio.
GT – 24 – Trabalho, educação e luta de classes.
GT – 25 – Diversidade sociocultural e educação.
GT – 26 – Ser social, história, natureza e ciência.
GT –– 27 – Educação de jovens e adultos.
GT – 28 – Educação, gênero e diversidade sexual.
GT – 29 – Os desafios no ensino da Língua Portuguesa.
GT – 30 – Educação Matemática.
GT – 31 – O ensino de Química.
GT – 32 – O ensino de Geografia.
GT – 33 – O ensino de Física.
GT – 34 – O ensino de História.
GT – 35 – O ensino de Biologia.


sexta-feira, 16 de julho de 2010

À caça de (bons) gestores

Estudo da consultoria global DBM, especializada em gestão do capital humano, revelou que 2009 foi um ano de alta demanda por executivos e que 2010 tende a seguir o mesmo caminho. O crescimento pela busca de profissionais em posições como a de gerentes, diretores, presidentes e chefes intermediários no ano passado foi de 57% em relação a 2008. A grande novidade é o aparecimento, pela primeira vez, dos segmentos de educação e meio ambiente entre aqueles que mais buscaram no mercado profissionais e gestores para seus quadros.
"Na área da educação, o resultado é sem dúvida efeito direto da profissionalização do setor", explica Alexandre Nabil, consultor da DBM. "Com a entrada de grupos estrangeiros como a Laureate, o Capital Group e o Cartesian Group, ou de fundos de investimentos como o GP e o UBC Pactual no ensino superior privado brasileiro, criou-se uma cultura mais agressiva em termos de gestão nas instituições, e a partir daí, a necessidade de se buscar executivos de fora do mundo acadêmico, preferencialmente aqueles que já gerenciaram projetos de grande envergadura na iniciativa privada", enfatiza Nabil.
A adoção dos princípios da governança corporativa, essenciais para a perpetua­ção do negócio, para melhorar a imagem institucional e garantir uma performance acima da média garantindo a entrada de investimentos internos e externos foi fundamental para que o setor se profissionalizasse e passasse a buscar os seus gestores entre os melhores profissionais do mercado, como fazem diversos outros segmentos da economia que vivem em constante competitividade.
Para Carlos Monteiro, diretor-presidente da CM Consultoria de Administração e Marketing, empresa especializada em consultoria educacional, a tendência hoje é optar por uma gestão integrada, em que o gestor acadêmico consiga pensar também na gestão financeira, ao mesmo tempo em que o gestor financeiro se volte também para a qualidade acadêmica. "As instituições de ensino superior buscam na profissionalização da sua administração estratégias para manter a competitividade. Elas precisam cada vez mais criar mecanismos que lhes permitam investir sem medo em ciclos de expansão, atraindo recursos externos que lhes garantam um bom caixa, criando a capacidade de atrair e reter talentos gerenciais. Hoje, a receita certa é um pacto de gestão com foco em resultados", explica.
Mas buscar a profissionalização não é assim tão fácil. Um dos principais obstáculos é a falta de profissionais capacitados. Outra pesquisa, realizada mundialmente pela Manpower INC no final de 2009, apontou que a escassez de talentos foi uma das grandes preocupações dos dirigentes de grandes empresas. Segundo o estudo, 30% dos empregadores em todo o mundo encontraram dificuldades para contratar candidatos qualificados para as suas vagas. Representantes de vendas, técnicos, engenheiros e executivos de gestão foram os cargos mais difíceis de preencher.
Para o professor Francisco Borges, diretor acadêmico da Veris Educacional, esse problema também é enfrentado pelo mundo acadêmico. Algumas instituições, inclusive, buscam os melhores executivos de outros segmentos (veja box). "O que as instituições de ensino superior procuram no mercado com uma frequência cada vez maior são gestores que saibam gerenciar bem o negócio educação e que entendam que o melhor marketing de uma escola é o marketing de relacionamento. É claro que não basta ter boas noções e experiência em finanças, marketing ou vendas, também é preciso ter bom trânsito na área acadêmica, entender como é compor um bom regimento escolar, criar um calendário e uma grade adequados. Neste novo modelo de administração, a gestão de todo o processo é o mais importante", diz.
Borges também atribui essa tendência à profissionalização do setor. "As instituições de ensino superior perceberam que precisavam quebrar paradigmas e dogmas até então imutáveis para continuar sobrevivendo no mundo dos dias de hoje. Elas têm de estar bem estruturadas para entregar resultados, assim com qualquer empresa de outro segmento da iniciativa privada, porque a sustentabilidade delas só é conseguida com bons resultados", explica.
Na gestão de pessoas da área educacional, os profissionais que mais interessam às instituições de ensino hoje são aqueles que, normalmente formados em administração, economia e finanças, tecnologia da informação ou marketing, investem também em cursos específicos de gestão e em MBAs. Muitas vezes eles fazem parte das Gerações Y ou X, que embora apresentem algumas características diferentes, têm foco em não temer o estranho, as novidades e os desafios que o mercado apresenta.
Francisco Borges dá a dica para quem quer aproveitar o momento de demanda e se qualificar. "Os profissionais de mercado que possuem e desenvolvem na sua carreira características como liderança, comprometimento, perfil inovador e empreendedor e ética são aqueles que mais interessam para qualquer empresa e principalmente numa instituição para ocupar cargos gerenciais, porque possuem a capacidade de ter uma visão geral e ampla do mercado em que se inseriram."
Já é possível desenvolver essas habilidades nos bancos escolares. O Ibmec criou a pós-graduação em gestão estratégica da educação, cujo público-alvo são diretores, coordenadores e chefes ou responsáveis por unidades das Fatecs e Etecs, enquanto a Abrafi, em parceria com a Faculdade Maurício de Nassau, lançou o curso de Formação de Executivos em Educação Superior.
Mas também é possível encontrar apoio dentro da própria instituição de ensino para a qual se trabalha. Para conquistar os resultados esperados pelos novos acionistas e investidores, algumas instituições e escolas de negócios também estão se voltando para o treinamento e preparação interna dos colaboradores.
Marisabel Ribeiro, diretora de talent da Right Management e professora da ESPM e da FGV, relata que começa um processo de treinamento interno de alguns colaboradores até então essencialmente acadêmicos, para que eles possam adquirir essas novas competências. "É preciso que esse novo gestor das instituições de ensino superior privadas e também das universidades públicas tenha uma formação mais holística. Não basta saber analisar os números, é preciso entender como trabalhar com todo o entorno de uma gestão acadêmica."
Esse movimento, porém, ainda é lento entre as instituições públicas. "Elas engatinham nessa questão porque ainda vivem um outro tempo, mas também já começam a se voltar para essa visão de que é necessário ter em seus quadros profissionais que sejam mais facilmente adaptáveis às  orientações e aos caminhos que o mercado segue e que consigam trabalhar melhor com diversos tipos de ambientes".
Marisabel cita como exemplo o atual processo de escolha dos reitores em algumas instituições públicas e particulares. "Não é mais o melhor currículo que chama a atenção, mas sim a melhor proposta de gestão, o melhor plano de trabalho que esse acadêmico e postulante ao cargo apresente. Essa proposta precisa contemplar não só o presente ou um futuro a curto prazo, mas tem de ter flexibilidade e ética o suficiente para garantir o médio e o longo prazo da vida dessa universidade."
Alexandre Nabil, da DBM, lembra que a pesquisa da sua empresa mostra sinais claros de que a opção pela profissionalização não é mais uma tendência, mas uma saída. "Tanto que as instituições já oferecem remuneração variável e um pacote de remuneração atrativo para conquistar os novos gestores, da mesma forma como outros segmentos do mercado atuam há vários anos", compara.

O perfil do administrador atual
- Procura deliberadamente aprender, principalmente face ao novo desafio e mercado em que se inseriu;
- Reconhece o poder do aprendizado decorrente da experiência de trabalho;
- Sente-se responsável pela sua própria carreira e investe nela;
- Assume a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento;
- Encara a educação como uma atividade permanente, para a vida toda;
- Percebe como o seu aprendizado afeta os negócios que dirige;
- Decide intencionalmente o que aprender.

Áreas de maior busca
1. Serviços
2. Indústria
3. Instituições financeiras / Bancos
4. Serviços de informática
5. Petroquímica / Química
6. Varejo / Atacado
7. Engenharia / Construção
8. Alimentação e bebidas
9. Automotivas e autopeças
10. Produtos de consumo
11. Farmacêutica
12. Transportes
13. Agrícola

Fisgado pela educação
Aos 47 anos e formado em engenharia eletrônica pela Escola Politécnica da USP, Luciano Possani exerce há dois anos o cargo de diretor de TI do Grupo Anhanguera Educacional. Ele nem pensava em entrar na área, mas foi atraído pela oportunidade. "Educação não estava no universo de possibilidades que eu procurava no mercado depois de trabalhar alguns anos em uma empresa de TV por assinatura. Mas por meio de um processo coordenado por um headhunter fui indicado para o cargo e fiquei surpreso com a empresa e com todas as possibilidades que o mercado educacional oferece hoje para um executivo", descreve.
Luciano destaca que o segmento tem desafios muito interessantes e que os grupos consolidados se tornaram atraentes para qualquer executivo. "Embora a área educacional tenha um marco regulatório forte, esse mercado cresceu muito e se sofisticou nos últimos anos. No meu segmento, por exemplo, o nosso desafio é como levar a educação por meio da tecnologia, como interpretar a educação como um processo de captação e retenção de alunos e como isso pode fazer a diferença no mercado."
Para o diretor de TI, os profissionais com uma carreira de sucesso em segmentos como cartões de crédito e telecomunicações e ligados a marketing ou comercial são os mais procurados pelas instituições porque trazem para a educação uma experiência na implantação de processos vitoriosos em empresas maduras no desenvolvimento das melhores práticas do mercado.

O "que" de qualidade

Numa perspectiva em que a qualidade de uma instituição de ensino está diretamente relacionada ao papel que a educação superior cumpre para o aprimoramento pessoal e o desenvolvimento da sociedade como um todo, a busca por parâmetros de qualidade está muito mais relacionada à missão à qual cada instituição está atrelada e ao atendimento de sua função correspondente do que ao propósito meramente qualitativo. Assim entende Kiyoshi Fukushi Mandiola, membro avaliador da Comissão Nacional de Acreditação do Chile, órgão que avalia a coerência dos programas das instituições de educação superior daquele país.
Na ocasião de sua visita a São Paulo para participar de seminário internacional sobre as novas dinâmicas da educação superior, em abril, Kiyoshi conversou com a revista Ensino Superior para falar de qualidade e inovação da gestão nas instituições de ensino. Com 25 anos de experiência em planejamento, implementação e gestão de instituições de educação superior, Kiyoshi é o vice-reitor de Aseguramiento de la Calidad (controle de qualidade) da Universidade San Sebastian.
No Chile, assim como no Brasil, cada vez mais estudantes das classes de menor poder aquisitivo estão ascendendo à graduação. Para ele, a atual concepção de universidade deve experimentar uma mudança de paradigma, em que a formação acadêmica, a docência, atividades de pesquisa e a habilitação para o mundo do trabalho sejam consideradas distintamente.
Ensino Superior - Fale um pouco da experiência da UniversidadeSan Sebastian.
A Universidade San Sebastian tem 20 anos, 20 mil estudantes e já formou mais de 100 mil estudantes. É uma universidade na qual tudo o que fazemos tem um marco definido pela qualidade. A qualidade é um conceito que depende da definição de cada um. Para a Universidade San Sebastian, a qualidade está em fazer com que cada uma das pessoas que nela trabalham desempenhe sua função da melhor maneira possível e, portanto, tenha uma permanente disposição de melhorar o que faz.
Ensino Superior - A qualidade está ligada também à satisfação dos profissionais que trabalham na instituição?A qualidade está em todos os âmbitos. A razão de ser da universidade são os estudantes. Sendo assim, nosso objetivo é entregar o melhor ambiente para que se possa estudar, melhores instrumentos e condições para que se possa aprender e, fundamentalmente, prepará-los para que sejam bons profissionais. Nossa universidade crê firmemente no conceito de mobilidade social. Com a educação superior podemos provocar uma mudança na qualidade de vida das pessoas, dos estudantes mais especificamente, e de todos que os rodeiam, da sua família. Os alunos que entram na nossa universidade não vêm de classe social com tradição na educação superior, vêm de setores médios. No Chile, sete em cada dez alunos são os primeiros membros da família a ingressar numa universidade. Esperamos que o aluno realmente quebre esse ciclo da realidade que tem vivido durante anos.
Ensino Superior - Como assegurar a qualidade sem comprometera rentabilidade?
Se pensarmos na qualidade como o que disse anteriormente, isso é uma falácia. O que quero dizer é que a qualidade está na melhoria de vida dos ingressantes. A instituição será mais eficaz na medida em que promover a inserção e a capacitação dos estudantes. Ao final, é isso que o mercado de trabalho e os próprios estudantes mais reconhecem. Então, no fundo, qualidade se paga sozinha. O melhor negócio na educação superior é fazer a coisa bem feita.
Ensino Superior - Como promover um ambiente de inovação dentro da instituição?
Oferecendo um ambiente adequado e exigindo que professores, funcionários e toda a equipe tenham conhecimento e estejam permanentemente se atualizando. Ensinando-os a ter vontade de aprender a ler o mundo, ou seja, a ter uma visão mais ampla e a entender que as coisas têm diferentes formas de ser compreendidas e realizadas. Com estes elementos é possível obter uma instituição inovadora. Não é possível conceber uma organização cujo ambiente é coercitivo, onde não há possibilidade de troca de ideias. Dessa maneira é como morrer pelo ócio.
Ensino Superior - Uma postura inovadora garante o sucesso da instituição?
Não é somente ter atitude. Tem de gerar um ambiente em que seja permitido aprimorar o conhecimento, dar possibilidade para que cada um seja capaz de viver o mundo de maneira correspondente, mas que não seja apenas conduzido, que busque corrigir. A inovação é um meio que deve ser utilizado conforme o que se almeja. É preciso ter clareza do que se quer ser como instituição de ensino. Ou seja, tenho de definir primeiro qual é o meu projeto, o que quero fazer e, a partir disso, escolher quais métodos vão me ajudar a atingir tal objetivo. Por outro lado é importante destacar que, em muitos casos, a inovação ajuda a construir uma identidade própria, a se diferenciar.
Ensino Superior - Como as ferramentas tecnológicas podem ajudar na administração de uma instituição e até que ponto isso é necessário hoje em dia?
A primeira coisa que uma instituição precisa fazer é definir sua identidade. A partir disso tem de buscar os mecanismos e tecnologias que vão ajudá-la a conseguir seus objetivos. Nesse momento a tecnologia passa a ser fundamental. A tecnologia hoje em dia é igual à eletricidade: quando está não é importante, mas se deixa de estar deixamos de enxergar.
Ensino Superior - Qual a importância do uso de ferramentas tecnológicas no gerenciamento das instituições de ensino?
Apenas contar com isso, sem dúvida, não ajuda a melhorar a qualidade do processo. A maneira como isso é operado tornar-se fundamental para melhorar a qualidade em qualquer instituição. E nesse processo podemos ter três setores envolvidos ocupando funções distintas, embora o processo em si ultrapasse os três: Quando eu vou até você para resolver alguma coisa e você me manda até outro, porque aquilo não lhe diz respeito e assim por diante, isso é um péssimo serviço. Mas quando todos têm a visão do processo, se preocupam com tudo, não somente com a parte que lhes toca, isso é bom. As ferramentas tecnológicas servem para isso: auxiliar no gerenciamento do processo pertinente a uma universidade.
Ensino Superior - Qual a sua ideia de empreendedorismo dentro das instituições de ensino?
É que cada pessoa seja capaz de saborear sua vida profissional conforme o seu sonho. Se eu tenho capacidade - e quando digo capacidade não é somente profissional mas também a proporcionada pelo ambiente ao seu entorno - para poder construir e alcançar o sonho que eu tenho como pessoa, eu estou sendo um empreendedor. E isso não tem relação apenas com a universidade. Para mim, empreendedorismo não é construir uma empresa, mas sim o resultado de querer fazer melhor. Se eu me ocupo em trabalhar para uma companhia que não é o meu sonho, não vai adiantar nada. A pergunta é: como desenvolver uma carreira, como planejar uma carreira para poder alcançar esse sonho? Isso é ser empreendedor.
Ensino Superior - Na sua opinião, como medir a qualidade de uma instituição e quem deve fazê-lo?É uma pergunta muito difícil porque, como disse, a qualidade depende de cada instituição. Então eu defino o que quero ser como instituição e se eu cumpro com isso estou tendo qualidade. O processo de acreditação verifica o grau de coerência existente entre o que se diz cumprir e o que realmente se faz. Portanto, um processo de acreditação bem conduzido, que não seja meramente punitivo, além de avaliar o bom desenvolvimento do projeto institucional, vai ser útil para sinalizar a qualidade da instituição na medida em que observa sua coerência. Dessa maneira eu diria que um processo de acreditação bem feito constitui uma ferramenta muito poderosa para garantir a qualidade da instituição.
Ensino Superior - Como a acreditação é feita no Chile?No Chile o processo de acreditação das instituições está sob a responsabilidade de uma Comissão Nacional de Acreditação (CNA), que tem como marco uma lei instituída para isso, que é a lei da seguridade da qualidade. E ela é encarregada de fazer todo esse processo. Já nos Estados Unidos são seis agências, uma para cada zona, e elas também garantem a qualidade, sempre assegurando que se cumpra primeiro a missão da instituição.
Ensino Superior - Qual o caminho da universidade do futuro?
Essa também é uma pergunta difícil. Isso porque, na minha opinião, quando se trata de entender o que é uma universidade, trata-se de defini-la com um paradigma que é decorrente da atividade, ou seja, se é uma universidade, se é uma ordem geradora de conhecimento da sociedade, aí vai estar a pesquisa, a docência. A pergunta é se esse paradigma é válido hoje em dia nessa sociedade em que estamos vivendo. É lógico seguir definindo a universidade com base num paradigma ou há que se buscar uma nova definição? Creio que a universidade do futuro vai tratar de absorver isso. Haverá cada vez mais uma separação das instituições, por exemplo: aquelas que preparam para o mercado de trabalho, as que se dedicam a ser centros de pesquisa de excelência e aquelas que oferecem um ensino mais geral, do conhecimento pelo conhecimento.

Na trilha do educando

Até poucos anos atrás, a relação cotidiana entre professores e alunos durante os períodos letivos costumava ter prazo para acabar: quando tocava o sinal que encerrava a última aula. Daí até o dia seguinte, desapareciam momentaneamente da vida alheia. Nas férias, cada um seguia para o seu lado - e, exceto nos casos em que eram moradores do mesmo bairro e poderiam se encontrar casualmente na rua, uns só receberiam notícias dos outros quando retornassem ao convívio na escola. Situação parecida regia o convívio diário entre os próprios professores, que também se despediam dos colegas na última reunião do semestre e, salvo as exceções em que havia amizade consolidada ou parentesco, só os reencontrariam na primeira reunião do semestre seguinte.
Um dia, alunos e professores deixavam a escola. A partir de então, transformavam-se em lembranças, que ficavam cada vez mais vagas com o tempo. Anos depois, alguns retornavam para matar saudades e contavam um pouco do que tinham feito da vida. Hora de festa, mas só por dez ou 15 minutos, pois a próxima turma aguardava o início da aula. Em seguida, os agora visitantes desapareciam novamente, voltando a se esconder por trás dos pontos de interrogação que, em muitos casos, já os acompanhavam quando estavam ali, mesmo tão perto, mas no fundo tão longe. Onde vivem? Como se divertem? No que acreditam e o que mais desejam? Como são as suas famílias? Em quem planejam votar nas próximas eleições? O que pensam da escola e dos professores?
Nenhuma das situações descritas acima parece caber em escolas - de ensino fundamental, médio ou superior - do século 21. Menos por conta do que ocorre dentro delas, e muito mais em virtude das transformações provocadas por um braço imenso da "revolução digital", que tem na internet seu maior ícone: as redes sociais. Não se trata, evidentemente, de uma invenção recente, embora o nome soe para muitos como algo contemporâneo. Elas existem desde que um primeiro agrupamento de seres humanos decidiu manter contato regular, por motivos pessoais ou profissionais, para troca de informações, experiências, causos ou piadas. Praças, clubes, igrejas, bares e restaurantes sediavam os encontros dessas redes - cujos membros dispunham, a distância, dos correios (e, depois, do telefone) para mantê-las ativas.
Novas interações
Com a popularização da internet e dos novos recursos de telefonia móvel, essas redes sociais encontraram um facilitador até então inédito. Sua disseminação entre as novas gerações, familiarizadas desde a infância com o uso de computadores e de telefones celulares, estabeleceu um cenário radicalmente distinto para a interação social. Mesmo a distância, é possível se manter conectado a alguém. Em diversas circunstâncias, a própria distância tende a aumentar o grau de conexão. No âmbito da escola, essas transformações derrubaram simbolicamente paredes e muros. Não é mais preciso que todos estejam juntos na sala de aula ou no espaço escolar para que haja interação.
Mais do que isso: novas categorias de trocas foram instauradas por essas redes. Já faz algum tempo que, para buscar respostas às perguntas do segundo parágrafo desta reportagem, e para inúmeras outras, inclusive algumas que você nem mesmo havia formulado, basta ligar um aparelho com acesso à internet e saber como navegar por ela. "Seria interessante que os educadores ficassem atentos a alguns dados", alerta a pesquisadora Sonia Bertocchi, gestora da comunidade virtual Minha Terra. "Redes sociais, como o Orkut e o Facebook, já são mais utilizadas do que e-mail. Até 2009, o Orkut foi a rede social dominante no Brasil, alcançando 21 milhões de visitantes únicos em setembro de 2008. Naquele mês, cada um deles passou em média 496 minutos no site e fez 28 visitas."
Esse cenário, no entanto, se altera com velocidade impressionante. Em abril deste ano, um estudo da StatCounter - que monitora o uso da internet - colocou o Orkut em quinto lugar entre usuários brasileiros, com apenas 1,67% do total do tráfego. Na primeira posição, veio o Twitter, com 55,84%, seguido pelo Facebook, com 20,14%, e pelo You Tube, com 16,27%. O ranking inclui ainda sites menos conhecidos, como o StumbleUpon, com 3,19%, o Delicious, com 0,69%, e o Digg, com 0,34%. As demais redes sociais respondiam por 2,79% do tráfego brasileiro. Nesse mesmo estudo, os números globais traziam o Facebook na liderança, com 55,13%, seguido por StumbleUpon, com 21,83%, e pelo Twitter, com 7,15%.
Sonia considera também que educadores deveriam levar em consideração "a demografia das redes sociais no que se refere ao uso pelos jovens". Pesquisa apresentada nos EUA em abril deste ano pelo site Flowtown (1) aponta para a predominância do público adolescente em algumas redes, como o My Space, em que a faixa de 0 a 17 anos representa o maior contingente. No Facebook, quase um terço dos usuários tem até 24 anos. Pouco menos de metade dos que frequentam o Reddit e o StumbleUpon
não completaram 35 anos. Em quase todas as redes pesquisadas, o público com menos de 45 anos é
amplamente majoritário.
"Os professores não podem, ou não deveriam, ignorar esses dados nem essas ferramentas", observa Sonia. "Seria interessante que olhassem para as redes sociais como ambientes virtuais que oferecem muitas formas de interação com diversas pessoas, que estimulam o contato com a diversidade sociocultural, criam condições para se fazer uma rede de amigos e para se manter informado pelo assunto de seu interesse." Um passo seguinte, recomenda, "seria os professores se apropriarem dos recursos oferecidos pelas redes sociais, visualizar o que trazem de possibilidades para a aprendizagem de seus alunos, e incorporá-los ao currículo de maneira inovadora".
A pesquisadora Michele Schmitz, do Terraforum, acredita que nos últimos anos houve "avanços quanto à utilização de redes sociais por professores e gestores educacionais", mas que se trata de algo "ainda muito ínfimo". "Vejo que muitos educadores ainda não utilizam em larga escala as redes sociais e outras possibilidades da web 2.0 devido a vários fatores, mas o principal é a falta de recursos de infraestrutura tecnológica, pois ainda não temos computadores e internet de banda larga com qualidade em grande parte das escolas públicas do país", afirma. "Vejo na falta de acesso adequado um grande limitador para os professores conhecerem e utilizarem as possibilidades das redes sociais para o processo de ensino e aprendizagem."
Michele prefere não encarar os professores de acordo com juízos que os consideram "resistentes a inovações tecnológicas". "O professor é um profissional que precisa reconhecer as possibilidades e o valor agregado ao processo de ensino e aprendizagem que as redes sociais, comunidades virtuais, blogs e microblogs propiciam", pondera. "Não basta ser 'novo', ele precisa vislumbrar o que esse 'novo' traz de benefício para sua prática pedagógica." Sua experiência aponta para "uma gama de professores e gestores educacionais utilizando cada vez mais as redes sociais". Esses já teriam percebido "os benefícios em relação a estar mais atualizado e, principalmente, trocando experiências com outros educadores".
Novos usos
Ver "profissionais do conhecimento interagindo em redes sociais" corresponde, de acordo com Michele, a uma experiência "fascinante". "Em um projeto que desenvolvemos recentemente, utilizando redes sociais, ouvi de uma diretora de escola de ensino fundamental que atua há mais de 10 anos na educação pública a expressão 'é como se eu tivesse nascido novamente'", lembra. "Na ocasião, a diretora teve oportunidade de vislumbrar os benefícios da interação em rede. Não é mais um abrir janelas para ver o mundo e, sim, abrir janelas para interagir com o mundo. Isso nos faz concluir o quanto avançaremos em educação com o uso adequado das possibilidades das redes sociais."
Portfólio digital
O entusiasmo de Gladys Gonçalves ilustra essa tomada de consciência. Professora na rede municipal de São Paulo e diretora na rede estadual, ela pensa que a internet promoveu uma "revolução". "Podemos dizer que há o mundo antes dela e o mundo depois dela", avalia. "Ela revolucionou os costumes e, principalmente, as relações sociais." O contraste entre "próximo" e "distante", na sua opinião, deixou de existir. "O que acontece lá se integrou com o que acontece cá. Hoje, o aluno é mais ligado ao que ocorre no mundo e criou um universo próprio no seu mundo virtual. No dia a dia das minhas aulas aprendo muito com eles. Parece que estão mais conectados do que eu, embora seja uma 'viciada'."
Como a internet representaria "o mundo das possibilidades", Gladys acredita que "nós professores temos de correr atrás", mas lamenta que esse comportamento ainda seja o de uma minoria. "Muitos colegas desconhecem essa realidade, muitos ainda nem usam o e-mail, ou usam pouco. A internet é a porta do infinito, do ilimitado, uma ferramenta a mais, o amanhã, mas poucos a descobriram." Natural que, entusiasmada dessa forma com os recursos à disposição, tenha desenvolvido com seus alunos projetos ligados a redes sociais. Em 2009, quando assumiu o cargo de professora-orientadora de Informática Educativa na Emef Guimarães Rosa, criou um blog da escola (2).

Nele, procurou organizar posts sobre as atividades da escola, com destaque para os trabalhos dos alunos em sua disciplina. O resultado, na sua definição, é "uma espécie de portfólio digital" - objeto de reportagens do portal da Secretaria Municipal de Educação e do Diário Oficial do Município, além de ter sido visitado pelo secretário municipal, que o citou em seu blog. Gladys mantém perfis no Twitter, que visita diariamente, e no Orkut, onde diz ter "muitos amigos pessoais e de trabalho, assim como alunos e familiares", e que usa também para organizar "fotos de momentos da minha vida".
"Sou seguidora de diversos blogs e procuro acompanhar tudo sobre educação e informática educativa", acrescenta. Paradoxo curioso, mas revelador de como o assunto é tratado em diversas redes de ensino: na escola em que Gladys implantou o blog, o acesso ao Orkut - a rede social "mais conhecida e usada pelos alunos", de acordo com sua avaliação - é bloqueado. "Os alunos adoram o Orkut e o valorizam demais, como se fosse a coisa mais importante da internet, e por aí eles se relacionam bastante", afirma. "Na escola, o único momento de contato dos alunos com a internet é na sala de informática, uma vez por semana. E ainda trabalhamos com equipamentos antigos."
A geração de professores integrada desde a adolescência às redes sociais tem em Monique Buzatto, hoje com 22 anos, uma representante bem característica. "A primeira rede social que comecei a usar foi o Orkut, em 2004", lembra. "Estava no ensino médio, tinha 16 ou 17 anos, e uma amiga mandou um convite (ainda tinha isso!) para que eu fizesse meu perfil. Só usávamos para trocar aquelas mensagens super-relevantes que adolescentes trocam, sabe? (risos) Quando entrei na faculdade, em 2006, comecei a participar dos fóruns de discussão de algumas comunidades, principalmente as sobre literatura."
Monique começou a ter alunos como amigos no Orkut em 2007, quando dava aulas de inglês para adolescentes em uma escola de idiomas. "O objetivo era que eles me mandassem as lições de casa por 'scrap', já que nunca as faziam no livro e eu via que eles estavam sempre online", explica. "A escola em que eu trabalhava tinha o lab, onde os alunos podiam acessar a internet antes da aula. Eles ficavam sempre no Orkut, então tive a ideia de aproveitar algo de que eles gostavam e usar aquilo a meu favor." Curiosamente, o comportamento dos colegas professores que se tornavam amigos na rede era (e continua sendo) muito diferente.
"Os colegas professores me adicionavam, mas nunca realmente trocávamos mensagens", afirma. "Tenho bem mais contato com alunos do que com colegas de trabalho nas redes sociais. Acredito que as comunidades virtuais ajudam, sim, a entender melhor os alunos. Dá para saber os assuntos que eles comentam e seus interesses, como as bandas preferidas, os programas de TV, os livros que leem, se gostam ou não do Crepúsculo, do Justin Bieber, essas coisas." Monique recorda, em defesa da presença nas redes sociais, que "na faculdade os professores reforçavam a importância de contextualizar qualquer coisa que fôssemos ensinar e também a valorizar o conhecimento de mundo dos alunos, partindo disso para chegar onde gostaríamos".
Do cotidiano à sala de aula
Em outras palavras, "preparar uma aula que fosse 'a cara' do aluno". No primeiro semestre deste ano, Monique teve apenas alunos adultos, com pelo menos 30 anos, que usam o Orkut, o Facebook e o Twitter. Como o principal objetivo é "que os alunos falem inglês a maior parte do tempo", ela se comunica com eles em inglês mesmo fora da aula, graças às redes sociais. "Comentamos as fotos um do outro no Facebook, fazemos piadinhas no Twitter", exemplifica. "Às vezes eu posto algum link de um vídeo em inglês para eles se divertirem. Mas, principalmente, eu vejo os assuntos de que eles falam e tento levar isso para a sala de aula, usando como ponto de partida para chegar na matéria que preciso ensinar."
A professora Claudia Cristina Vieira Valério, que leciona nas redes estadual e municipal de São Paulo desde 1992, considera também que "a sala de aula está se completando com o espaço virtual". "Hoje os alunos se relacionam com seus professores de maneira muito mais próxima através das redes", afirma. "É através delas que eles conhecem o modo de vida de seu professor e até recebem orientações de atividades a serem realizadas e entregues. Postam seus trabalhos, expõem suas opiniões." Na Emef Franklin Augusto de Moura Campos, onde trabalha desde 2009 como orientadora de Informática Educativa, também coordenou a criação de um blog (3).
Seu objetivo era "a troca de experiências entre professores, alunos e outras escolas, visto que a minha unidade ainda não tinha esse meio de comunicação". Participaram do processo alunos-monitores que formam a "Equipe Super@ção" e ajudam na alimentação do espaço virtual com matérias e imagens. "O que hoje me surpreende é o envolvimento da escola com o blog", comemora Claudia. "Ele avançou de tal maneira que quase não damos conta de sua alimentação pela quantidade de materiais que chegam às nossas mãos. Temos de usar outros canais para apresentação de nossas atividades, como o Ning e o Educarede."
Além da aplicação profissional, Claudia utiliza redes sociais "para ter contato com familiares distantes, amigos, colegas de trabalho, alunos e até mesmo com superiores, a fim de receber informações e orientações diversas". Diversão também integra o pacote. "Faço uso das redes de maneira prazerosa e profissional visando conhecer pessoas e suas atividades, e dividir conhecimento." Na sua avaliação, os educadores já não enxergam as redes sociais com mistério ou preconceito. "Muitos já dividem com seus alunos divertimento, conhecimentos e informações", diz. "Há, de verdade, uma integração entre educação e mundo virtual."

sábado, 10 de julho de 2010

Quanto vale o tempo

Atualizar blogs, disponibilizar conteúdo na internet e responder e-mails são tarefas que passaram a fazer parte da rotina do professor. O tempo que antes era dedicado à preparação das aulas e correção de provas teve de ser dividido com a demanda dos mecanismos digitais como fóruns, plataformas on-line e redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut e blogs). No entanto, as mudanças impulsionadas pelos avanços tecnológicos esbarram em uma questão que contrapõe o interesse de docentes e instituições de ensino: a remuneração.
O problema central nesse contexto é mensurar o tempo gasto com as novas ferramentas. "A tecnologia faz parte do cotidiano das aulas. O novo cenário exige alterações na contratação dos docentes", defende Fábio Reis, diretor de operações do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal).
Por outro lado, quaisquer mudanças na rotina de trabalho, de qualquer profissional, geram resistência. A coordenadora de pesquisas da divisão de tecnologia educacional da Positivo Informática, Betina von Staa, lembra que esse período de introdução das tecnologias no ensino superior, iniciado há alguns anos, foi marcado pela reação aos novos métodos. "As pessoas levam um determinado tempo para aprender a lidar com o novo. Nessa época aparentava que o trabalho tinha triplicado", diz.
Hoje, essa impressão começa a se dissipar, mas especialistas alertam que a fase ainda é de transição. "Alguns professores entendem a necessidade do aluno. Outros ainda estão se preparando ou usam os recursos de forma errada", reflete Erwin Alexander Uhlmann, professor do curso de ciência da computação da Universidade Guarulhos (UnG).
Em meio à adaptação de ambas as partes, tanto das instituições quanto dos docentes, a discussão sobre as novas características do trabalho docente, e de como incorporá-las preservando as relações trabalhistas, ganha força.
Para Fábio Reis, o modelo de remuneração por hora-aula, por exemplo, não deve sobreviver. "É preciso apostar em novas alternativas, como num novo contrato por um conjunto de tarefas", exemplifica. E complementa. "Esse modelo pede um novo perfil das instituições. Se ficará difícil controlar o tempo de trabalho, por que não verificar os resultados alcançados em determinado período? Esse é o grande desafio", acredita.
No caso da educação básica, a convenção coletiva da categoria, assinada em maio deste ano, prevê o início das discussões sobre o pagamento do tempo dedicado ao trabalho tecnológico. Os debates devem ocorrer no âmbito intersindical e a expectativa é de que a regulamentação entre em vigor a partir de 2011. "A questão é importante e deve ser colocada em pauta entre os profissionais da área. Reuniões são válidas e ajudam a traçar um novo perfil da educação superior", opina Reis.
Outra dificuldade atual é a adaptação à legislação que permite que 30% das aulas presenciais sejam ministradas a distância. O assunto divide opiniões. "Ficará cada vez mais complicado contabilizar a quantidade de trabalho do docente, já que ele terá de atualizar conteúdos on-line e responder dúvidas com maior frequência. Daí a importância de incluir as atividades tecnológicas no pacote de extras que ele recebe normalmente para a preparação de aulas e correção de provas", defende Francisco Borges, diretor acadêmico da Veris Educacional.
Já Josiane Tonelotto, diretora de desenvolvimento pedagógico da Universidade Anhembi Morumbi, considera que as tarefas relacionadas à tecnologia são importantes para o cotidiano do aprendizado, mas devem ser realizadas dentro do período normal de trabalho sem remuneração extra. "Assim como a capacitação dos docentes, a atualização de blogs e o uso do conteúdo virtual têm de ser incluídos na rotina, com o professor recebendo normalmente pelas  horas trabalhadas".
Uma forma de evitar desgastes desnecessários é deixar as regras claras no momento da contratação, sugere a coor­denadora de pesquisas da Positivo Informática, Betina von Staa. "Os gestores têm de deixar claro o que esperam dos docentes. Vale especificar o que precisa ser feito em sala de aula e o que deve ser realizado fora dela", ressalta.
No caso de sentir que a instituição de ensino faz exigências que não foram pré-estabelecidas, é fundamental conversar com os coordenadores para definir novos formatos de remuneração ou de atividades a serem desenvolvidas.
E, em meio a esse processo, a maior responsabilidade é das instituições, diz o diretor da Faap, Rubens Fernandes Junior. "Além de pensar numa forma de oferecer remuneração justa aos docentes de acordo com o trabalho desenvolvido, é necessário mostrar que há outras maneiras de ministrar as aulas", alerta.
Com apenas 21 anos, e membro de um programa para integrar docentes veteranos e recém-formados, a professora do curso de relações internacionais da Fundação Armando Álvares Pen­teado (Faap) Fernanda Magnotta vê de perto o conflito de gerações a respeito do uso da tecnologia, e acredita que o trabalho do professor não aumentou a partir do uso de novos recursos. "Ficou mais fácil trabalhar. O tempo é o mesmo que gastaríamos preparando uma aula e com a internet é possível conseguir resultados mais rápidos. Existe o ônus, mas também há um bônus", define.
Para Fernanda, com o uso da tecnologia a relação do educador com o aluno fica mais próxima, o que facilita o desenvolvimento das aulas. "Aquele que se comprometeu a ensinar tem de se fazer presente - e isso é possível com o uso da tecnologia. Se o professor não começar a falar a mesma linguagem, será esquecido. É preciso mostrar que não somos inatingíveis."
Na opinião de Jair Manoel Casquel Junior, coordenador do curso de administração da Faculdade Anhanguera Ribeirão Preto, existe uma opção que fará com que os docentes comecem a classificar a tecnologia de maneira positiva: enxergá-la como uma via de mão dupla. "As novas mídias valorizam o trabalho. São excelentes ferramentas, nas quais vale a pena investir algumas horas do dia. Elas darão visibilidade à carreira do docente", afirma.
Marcos Formiga, professor do curso de engenharia da Universidade de Brasília (UnB) e estudioso das tecnologias aplicadas à educação, é mais enfático. "A atitude dos professores está em plena mudança. Temos de evoluir de acordo com a tecnologia e saber passar esse conteúdo para a nova geração", ressalta. Para ele, os métodos convencionais não satisfazem as exigências atuais. "Não existe mais o termo aprender na exaustão. O aluno está cansado do rigor e do formalismo educacional", diz.
O grande desafio, segundo Nilbo Nogueira, mestre em educação pela Universidade de São Paulo (USP), é fazer com que o professor use os recursos tecnológicos em prol do ensino. "Não adianta apenas substituir a lousa por um arquivo de computador. É essencial planejar aulas mais interativas e que despertem o interesse dos alunos, pois eles são nativos digitais."
Do analógico ao digital
A profissão docente não é a primeira a passar por mudanças impulsionadas pela tecnologia. Basta analisar o histórico de outras carreiras para verificar que os novos recursos chegaram para modificar o dia a dia de muitos trabalhadores. Um exemplo é o jornalismo. Com o passar do tempo, os profissionais da comunicação abandonaram de vez as máquinas de escrever para dar início à era digital. Nesse contexto, tiveram de adaptar seus textos à linguagem da internet e reservar mais tempo para atualizar sites e redes sociais.
Outro exemplo de profissional que passou por uma fase brusca de transição foi o fotógrafo, que viu a máquina analógica sair de cena e dar lugar ao modelo digital. Saber lidar com programas de tratamento de imagem também foi fundamental para mantê-lo no mercado de trabalho. No entanto, quando o assunto é construção civil, os profissionais envolvidos - engenheiros, projetistas e arquitetos - precisaram se matricular em cursos que ensinam a lidar com ferramentas digitais para elaboração de projetos. Situação semelhante à dos advogados, que passaram a realizar consultas das leis pela internet e a disponibilizar processos on-line. Na área da saúde, os médicos tiveram de voltar à sala de aula para conhecer mecanismos digitais, novas tecnologias e pesquisas.

O caso da EAD
No caso da EAD, a discussão sobre o trabalho e o tempo docente se torna ainda mais premente. Para Marta de Campos Maia, professora da Fundação Getulio Vargas e conselheira da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), não há como negar que o trabalho do professor e do tutor cresceu nos últimos anos. "A sobrecarga é grande, pois o professor começou a lidar com esse sistema há pouco tempo. Mas, ele deve adaptar a metodologia e a forma de enxergar o ensino, se colocar no lugar do aluno e repensar o processo como um todo", afirma.
Por isso, na opinião dela, o docente deveria receber pelo trabalho realizado fora do expediente. "A carga de trabalho é maior, por isso o professor deveria receber uma remuneração mais justa", ressalta.
Além disso, os cursos a distância possuem grande quantidade de alunos, o que exige um tempo maior para o preparo das aulas, atualização do conteúdo e maior disponibilidade para solucionar dúvidas. "Os vínculos empregatícios devem ser discutidos. Não dá mais trabalhar por hora-aula", diz Jair Manoel Casquel Junior, coordenador do curso de administração da Faculdade Anhanguera Ribeirão Preto.
Uma alternativa para enfrentar o novo cenário é optar pela contratação por módulos. "Algumas instituições propõem o pagamento por um trabalho específico. Se o docente for bom, se mantém e conquista seu espaço", diz o coordenador.
No caso dos professores tutores a situação é ainda mais complexa. "É preciso prever uma remuneração específica para esse profissional, que precisa de um estímulo. A universidade deve estipular e acrescer uma porcentagem ao salário do tutor relacionada às atividades que ele realizou fora do horário de trabalho", opina Marta.
E também no caso da EAD, a capacitação é a solução. "É mais do que necessário investir em capacitação de tutores e professores. Eles têm de estar aptos a ensinar", ressalta Marta.

Arte, esporte e envolvimento comunitário garantem os maiores Idebs do país

Oficinas de músicas, jogos de futebol, gravações de curtas-metragens e pesquisas de campo. Promover essas atividades e trazer a comunidade para participar foi a receita das três escolas melhor classificadas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) — que mede a proficiência dos alunos em português e matemática e a taxa de aprovação — para alcançar os primeiros lugares.
“O currículo é estipulado pelo MEC [Ministério da Educação] e é sempre o mesmo para todas as escolas. O diferencial é como ele é trabalhado, se inclui, por exemplo, artes, música, esportes”, avalia José Carlos de Souza, diretor da escola de aplicação da Universidade Federal de Pernambuco. O colégio foi o primeiro colocado no Ideb para a segunda etapa do ensino fundamental, alcançando nota 8,0 em uma escala de zero a 10. A média nacional foi 4.
O colégio oferece aulas de música, artes e oficinas de cinema. “As escolas de aplicação foram criadas para implantar uma metodologia diferente do ensino mecânico”, conta o diretor. Além disso, a escola tem 45% dos professores com título de mestre e 32% de doutor. As salas têm, no máximo, 30 alunos. A estrutura é estendida para a comunidade em oficinas de música e esportes para outras escolas e para os moradores da proximidade.
“Aqui aprendi a tocar flauta e pandeiro e agora estudo percussão”, conta Aline Dourada, aluna da 6ª série, de 11 anos. “Eu vejo que muitas escolas de amigos meus não oferecem música, artes e francês para os alunos”, conta Aline, que estuda há dois anos na instituição.
As aulas de música que atraem Aline também fazem sucesso entre os alunos da escola carioca D. Pedro II, segundo lugar no Ideb entre a 5ª e a 8ª série, alcançando 7,6 pontos. O colégio público, que completou 172 anos e possui 14 unidades, oferece também aulas de desenho, além de grupos de estudo de ciências sociais e literatura. Ao todo, 85% dos professores são mestres ou doutores.
“A unidade do bairro do Realengo surgiu da vontade de comunidade”, conta a diretora de ensino do colégio, Ana Cristina Cardoso. “Os alunos ajudam a manter uma biblioteca digital frequentada pelas pessoas de fora da escola, além disso, nos articulamos com empresas e universidades para que os alunos desenvolvam projetos de iniciação científica e para recebermos estagiários de licenciatura”.
A aluna Rachel Goulart, que tem 15 anos e está no primeiro ano do ensino médio, lembra que ano passado fez as provas de Português e Matemática do Ideb. “Foi até fácil. Todo conteúdo já tinha sido trabalhado na aula”. Na escola, Rachel faz aulas de latim e um estágio na Fundação Getúlio Vargas. “Depois do colégio pretendo estudar em uma das universidades federais do Rio ou fora do Brasil”, planeja.
Mesmo sucesso, outra estrutura
Há cerca de 300 quilômetros dali, no município carioca Cambuci, a pequena escola estadual Oscar Batista conquistou o terceiro lugar no Ideb com uma estrutura menor que as duas primeiras, mas com ações parecidas. O colégio, que teve nota 7,4, articulou um projeto com a comunidade para combater a evasão e para incentivar os alunos nos estudos.
“No último Ideb [divulgado em 2007] ficamos abaixo da média nacional. Aí reunimos uma equipe de educadores para visitar a casa dos alunos e conversar com os pais para impedir a evasão”, conta a diretora do colégio, Maria José Braga. Além disso, a escola promove projetos de conscientização ambiental, campanhas contra a dengue e apresentações de teatro e cinema para a comunidade.
“O município é muito pobre. Não temos muitas opções de lazer, por isso os alunos e os moradores valorizam muito as atividades promovidas pela escola”, conta a diretora. “Os vídeos são produzidos pelos próprios alunos, em uma oficina que a escola oferece. Eles já fizeram um filme com ex-usuários de drogas da comunidade e os convidaram para assistir”, lembra.
O aluno Walter Augusto, de 15 anos, é coordenador das oficinas de vídeo e de teatro e organizou a construção de uma videoteca na escola. “Estamos cadastrando um acervo com DVDs e fitas. Vamos fazer um cadastro para que os alunos possam levar os materiais para casa”, planeja. Walter também é o vice-presidente do grêmio estudantil, organizado há dois meses como uma das maneiras de atrair os alunos para a escola. Ele conta que sempre estudou no Colégio Oscar Batista e que ano passado, quando ingressou no 1º ano do ensino médio, conseguiu uma vaga em um colégio federal. “Como era muito distante tive que desistir da vaga, mas gostei da ideia de voltar para essa escola. Gosto muito daqui”, conta. “É uma escola pequena, mas bem equipada. Temos laboratórios de informática, física, biblioteca e agora nossa videoteca”, conta.