sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Primeira escola gay do país abre matrículas

A Escola Jovem LGBT, a primeira do gênero no país, localizada em Campinas (SP), abriu processo seletivo para seus primeiros cursos. O projeto, coordenado pelo Grupo E-Jovem, pretende formar em três anos jovens especialistas em Cultura LGBT.
Em 2010, são três os cursos oferecidos: Expressão Gráfica – Criação de Fanzines, Expressão Cênica – WebTV e Expressão Artística – Dança. Os cursos são custeados pelo nosso convênio com o governo do estado de São Paulo.
Os cursos terão uma aula semanal, com turmas durante a semana ou aos sábados e duração de 10 meses. São totalmente gratuitos. Alunos entre 12 e 29 anos podem se inscrever em apenas um, dois ou em todos os três cursos. Quem morar fora de Campinas poderá ainda concorrer a uma bolsa de estudos para cobrir parcial ou integralmente os gastos com transporte e terá prioridade nas turmas de sábado.
As matrículas para a Escola Jovem LGBT serão realizadas somente pelo site www.e-jovem.com, entre os dias 6 e 22 de janeiro e terão uma taxa única de inscrição no valor de R$10. As aulas começam em março de 2010.
Mais informações sobre os cursos no site www.e-jovem.com ou pelo e-mail escola@e-jovem.com.

Plataforma Freire recebe quase 3 mil inscrições para educação infantil

A Plataforma Freire registrou, até o início deste mês, 2.722 pré-inscrições para o curso de especialização em educação infantil dirigido a professores, coordenadores e diretores de creches e pré-escolas das redes públicas, filantrópicas, comunitárias ou confessionais. Entre os estados com maior número de pré-inscritos se destacam o Rio Grande do Norte, com 508, e o Pará, com 358.
A Plataforma Freire é um sistema desenvolvido pelo MEC por meio do qual o professor se inscreve em cursos oferecidos pelo Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, com o objetivo de adequar a sua graduação. As pré-inscrições podem ser feitas até o dia 30 deste mês.
No conjunto, o Ministério da Educação, em parceria com 15 universidades federais, oferece 3.210 vagas em curso presencial e gratuito, que será ministrado em 59 municípios de 15 estados das regiões Norte (quatro estados), Nordeste (seis), Centro-Oeste (três) e Sul (dois).
A primeira etapa para concorrer a uma vaga na especialização em educação infantil é a pré-inscrição do profissional na Plataforma Freire. A segunda é a validação da inscrição, que será feita de forma articulada entre cada secretaria estadual de educação, a representação local da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e a universidade que dará o curso.
Segundo a coordenadora de formação de professores da Secretaria de Educação Básica do MEC, Helena Freitas, o curso tem os objetivos de formar quadros do magistério da educação infantil nos municípios, promover o desenvolvimento da política de formação e aprimorar os educadores. “Estes profissionais poderão desenvolver-se como professores formadores, responsáveis pelo trabalho formativo e pelo atendimento das necessidades dos educadores da infância de cada município”, explica.
Vagas – O curso será ministrado em 59 municípios por uma rede de 15 universidades federais, algumas conveniadas com instituições estaduais. A carga é de 360 horas e duração de 18 meses. Na hora de fazer a inscrição, o professor, diretor, coordenador ou membro das equipes de educação infantil dos municípios deve buscar a vaga na sede ou no campus da universidade mais próxima da cidade onde reside ou trabalha. Para concorrer, o candidato deve atender a uma série de requisitos: ter (preferencialmente) graduação em pedagogia; trabalhar há pelo menos dois anos na educação infantil; ter disponibilidade para fazer a formação em serviço; se não for da carreira do magistério público, assumir compromisso de trabalhar na educação infantil por, no mínimo 18 meses, após a conclusão do curso; dispor de, no mínimo, dez horas semanais para estudos complementares durante o curso.


Veja a seguir as pré-inscrições registradas na Plataforma Freire, por estado,até 7 de janeiro, para o curso de especialização em educação infantil

Amazonas 147
Amapá 115
Bahia 285
Ceará 156
Goiás 159
Maranhão 125
Mato Grosso do Sul 206
Mato Grosso 158
Pará 358
Piauí 243
Paraná 89
Rio Grande do Norte 508
Rondônia 49
Santa Catarina 85
Sergipe 39


Total – 15 estados Pré-inscritos – 2.722

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Os dois tempos

Jornal é como remédio e mercadoria de supermercado: tem prazo de validade. Para saber a validade, é só verificar a data. A validade de jornal é a mais curta que há: um dia, hoje. No dia seguinte, ele continua com a aparência de jornal, mas, com a mudança da data, ele muda também: vira papel velho.
Por isso jornalista tem de estar sempre informado do que está acontecendo. Jornalista que noticia notícia velha, já acontecida, acaba por perder o emprego (esse é o meu dilema: quero noticiar de novo notícia já noticiada...).
Mas há um outro tipo de escritura que não tem prazo de validade. Nenhuma data informa a sua idade porque a sua idade não importa: ela nunca fica velha.
Quem entende isso são os poetas e os místicos. Poesia não tem data, está sempre jovem, não envelhece com a passagem do tempo -porque ela nasce de um outro tempo. O místico Ângelus Silésius explicou assim: "Temos dois olhos. Com um, vemos as coisas eternas, que permanecem. Com o outro, as coisas efêmeras, que desaparecem". Então, há dois tempos, um tempo das coisas que não passam e, portanto, não têm prazo de validade, e um tempo das coisas que valem só por um dia e logo desaparecem...
Aquilo que o tempo comeu, o tempo trará de volta. Como diz absurdamente o livro do Eclesiastes: "Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás...". Pão sobre as águas do rio. As águas do rio passam e dissolvem o pão. As águas voltam -porque o rio é circular- e com elas volta também o pão. Tudo se repete. Não leio de novo o jornal de ontem. Ele está morto. Mas leio de novo, muitas vezes, o poema que já li, e sempre que o faço a vida ressuscita.
Os homens racionais devem ter paciência com os sonhadores. Porque esse tempo eterno são os sonhadores que o sentem na sua alma e o transformam em literatura.
Fernando Pessoa se perguntava: "Ah, quem sabe, quem sabe, se não parti outrora, antes de mim, dum cais... Quem sabe se não deixei, antes de a hora / Do mundo exterior como eu a vejo / Raiar-se para mim, / Um grande cais cheio de pouca gente...".
Octávio Paz sentia igual:
"Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim; todas as tardes nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado, feito de tijolos e tempo urbano. De repente, num dia qualquer, a rua dá para outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos. Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem assim: tanto e tão esmagadoramente reais. Não, isso que estamos vendo pela primeira vez já havíamos visto antes. Em algum lugar, no qual nunca estivemos, já estavam o muro, a rua, o jardim. Parece que nos recordamos e quereríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados, suspensos no meio da tarde imóvel. Adivinhamos que somos de outro mundo".
Por que estou escrevendo essas coisas sobre o tempo do jornal e da notícia e sobre o tempo da poesia e da repetição? Porque estou com vontade de ressuscitar coisas que já publiquei. Foi o fracasso da conferência de Copenhague. Quero escrever de novo o que escrevi. Se os grandes políticos, economistas e cientistas não se entendem, as crianças haverão de entender...


Rubem Alves




Mais 43 questões do Enade são anuladas por problema na formulação; total chega a 54

Mais 43 questões do Enade, exame federal que avalia o ensino superior, foram anuladas por problemas em sua formulação. Dois itens em questões dissertativas também foram cancelados. A decisão foi tomada por especialistas nomeados pelo Inep (instituto ligado ao Ministério da Educação) para analisar a prova. Outras 11 perguntas de comunicação social já haviam sido anuladas.
Entre essas questões, está uma que pedia que os alunos avaliassem críticas feitas pela imprensa à declaração do presidente Lula de que a crise econômica mundial não passava de uma "marolinha". Entre as alternativas estava a de que tinha havido, por parte dos críticos, "prejulgamento" ou "irresponsabilidade".
Já foram 54 questões descartadas ao todo (7% do total), maior número desde que o exame foi criado, em 2004, e mais do que o dobro que em 2008, quando houve 23 anulações. Todos os que fizeram o exame irão ganhar pontos por elas.
Entre os problemas, estavam respostas duplas ou incorretas e enunciados errados ou incompletos. Em outros casos, os especialistas consideraram que as questões não cumpriam as diretrizes estabelecidas. As perguntas foram elaboradas pela Consulplan, que venceu a licitação para fazer a prova. Procurada ontem, a empresa afirmou que o Inep deveria se pronunciar sobre o assunto.
O presidente do instituto, Joaquim José Soares Neto, afirmou que sua equipe irá analisar o motivo da anulação de cada questão para decidir se toma alguma medida em relação à empresa. Entre as sanções possíveis, segundo ele, estão desde multa até a proibição de que a Consulplan participe de outras licitações do Inep.
O Enade avalia a cada três anos um grupo de cursos superiores. Em 2009, foi a vez principalmente de áreas de humanidades. Todas as provas tinham 40 questões, sendo 10 comuns a todas as áreas e as demais de conteúdo específico. Tropeços em avaliações como o Enade e o Enem, que vazou e foi divulgado com gabarito errado, fizeram com que, no final do ano passado, o então presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, deixasse o cargo.

Enem
Cerca de 200 detentos de SP e do RS deixaram de fazer ontem o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). As provas do exame em presídios foram marcadas para ontem e hoje por razões de segurança, com questões diferentes das aplicadas em dezembro para os demais candidatos.
Entre 12 mil que se inscreveram, esses cerca de 200 foram prejudicados porque as provas ou os técnicos que deveriam aplicá-las não chegaram às suas unidades prisionais. Em São Paulo, o problema se concentrou em dez unidades da Fundação Casa, antiga Febem. De acordo com a instituição, 29 internos deixaram de fazer a prova.
O MEC confirma a existência do problema, mas diverge sobre os números. Para o ministério, foram oito unidades prisionais em SP e 27 jovens prejudicados. No RS, 181 presos deixaram de fazer a prova.



MEC abre 114,8 mil vagas para formação continuada de professores

O MEC (Ministério da Educação), em parceria com 18 universidades públicas, oferece este ano, pelo programa Pró-Letramento, 114.857 vagas para professores em cursos de formação continuada em matemática, alfabetização e linguagem. As vagas serão distribuídas em 1.547 municípios, em todas as unidades da Federação.
O Pró-Letramento funciona como um curso de atualização específico para professores que lecionam do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental. Os educadores podem fazer um curso de alfabetização e linguagem e outro de matemática, com carga de 120 horas cada um.
A formação combina encontros presenciais e atividades individuais durante oito meses. Ao fazer os dois cursos, o professor permanece em formação por um ano e meio, segundo Adriane Vieira Santana, da Coordenação-Geral de Formação de Professores da Secretaria de Educação Básica do MEC. O início dos cursos está previsto para abril.
No programa, as universidades produzem os materiais didáticos, formam e orientam os tutores e dirigem os seminários. Já as secretarias de educação autorizam os professores a fazer os cursos, coordenam e acompanham o projeto. O MEC elabora as diretrizes, define os critérios para organização dos cursos e custeia as bolsas dos tutores.
Podem exercer o papel de tutores os professores das redes públicas com graduação (pedagogia, letras ou matemática) ou curso normal (magistério de nível médio). Para desenvolver a atividade eles recebem treinamento e bolsas mensais de R$ 400.
Em 2009, segundo dados da Coordenação-Geral de Formação de Professores, 169.754 professores ingressaram nos cursos do Pró-Letramento. Desde 2005, quando o programa foi criado, 254 mil foram qualificados. Levantamento do Censo Escolar de 2007 indica que 615 mil lecionam nos cinco anos iniciais do ensino fundamental nas redes públicas municipais, estaduais e do Distrito Federal.
Outras informações sobre o programa podem ser encontradas no site da Secretaria de Educação Básica.



* Com informações da Assessoria de Comunicação Social do MEC



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Enem será aplicado amanhã a 12 mil presidiários

Cerca de 12 mil detentos fazem nesta terça e quarta-feira as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Uma versão dos testes de ciências humanas e da natureza e de linguagens e matemática será aplicada em 330 unidades prisionais que mantêm programas especiais de ensino médio.
Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), os resultados serão divulgados em fevereiro, junto com as notas dos candidatos que fizeram a prova regular nos dias 5 e 6 de dezembro. Os presidiários poderão usar o resultado do Enem para tentar uma bolsa no Prouni (Programa Universidade para Todos) ou para pleitear uma vaga nas universidades públicas que adotam a nota do exame em seus processos seletivos.
Os presídios participantes são de 15 estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Amazonas, Rondônia, Espírito Santo e Amapá) e do Distrito Federal. De acordo com o Inep, apesar de a prova ter questões diferentes daquelas que foram aplicadas no Enem regular, o exame aplicado nos presídios tem o mesmo nível de dificuldade.
Amanhã, as provas serão de ciências humanas e da natureza. Depois de amanhã, os detentos serão avaliados em linguagens e matemática e farão uma redação. Nos dois dias, a prova começará às 13h (horário de Brasília).
Além dos presidiários, cerca de 300 candidatos do Espírito Santo farão a prova nesta semana. Eles não conseguiram realizar o exame em dezembro por causa das chuvas que caíram no Estado, alagando escolas e impedindo a chegada aos locais de prova.


Sistema de ciclos tem desempenho equivalente ao de séries

O sistema escolar de ciclos tem desempenho equivalente ao de séries. A conclusão é da pesquisa desenvolvida para a tese de doutorado “Análise do desempenho do ensino fundamental de escolas cicladas e não-cicladas (sistema de séries)”, da educadora Ivanete Bellucci Pires de Almeida, defendida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A pesquisadora analisou 110 unidades escolares públicas de Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), a partir de dados de proficiência média em leitura e matemática, trabalho pedagógico do professor e nível socioeconômico. Foram cruzados dados de aplicações de testes de leitura e matemática em 12.678 alunos do ensino fundamental dos três polos – 10.201 de escolas que adotam os ciclos e 2.477 que utilizam as séries. A pesquisa envolveu também 416 professores.
A análise dos dados mostra que o desempenho do aluno é altamente influenciado por três características dos professores avaliados: a participação ativa do educador na concepção do projeto pedagógico da escola; a manutenção do professor na escola por mais de três anos; e a experiência de mais de três anos do educador em uma determinada série.
“Observamos que entre as que se apresentaram eficientes, o professor é participante e entende que seu trabalho deve fazer diferença na escola”, explicou Ivanete ao Jornal da Unicamp. Ela acredita que quanto mais tempo o professor passar em uma determinada série, maior será a oportunidade de se aprimorar e isso reflete no desempenho das crianças.
As informações foram cruzadas por meio do modelo matemático Análise por Envoltória de Dados (DEA), que, segundo a pesquisadora, facilitou a identificação de escolas eficientes e não eficientes ao mesmo tempo em que permitiu trabalhar com múltiplos recursos e possibilitou melhores resultados para o estudo. “Ressaltamos que esses resultados não podem extrapolar além do conjunto de escolas pesquisadas”.

Aprofundamento

“As escolas eficientes precisam ser analisadas por especialistas em qualidade de ensino”, explica Ivanete. A pesquisadora salienta a necessidade de investigar profundamente os elementos que conduzem essas unidades à eficiência para que sejam aplicados em outras escolas.
A eficiência das escolas independe do nível socieconômico médio, segundo Ivanete. “Algumas escolas consideradas eficientes estão em lugares periféricos de seus municípios. O que pode dizer é que é possível na periferia, com condições adversas, fazer trabalho significativo com os alunos, desenvolver um trabalho que faça diferença na vida do aluno”, enfatiza.
Quanto à estrutura, as escolas também se igualam nos estados pesquisados. “Observamos que a escola pública é muito parecida no que diz respeito à estrutura física: tem os professores, um coordenador pedagógico, um diretor, um vice-diretor e os alunos em média com a mesma idade. Não existe marca que indique superação entre uma ou outra”, acentua.