sábado, 22 de agosto de 2009

Iº Sipósio de pós-graduaçõ em educação da UERN

A Univesidade do Estado do Rio Grande do Norte realiza no período de 26 a 28 de agosto o Iº Simpósio de pós-graduação em Educação "Deáfios e Possibilidades" com o propósito de mobilizar professores e alunos pós-graduandos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e de outras Instituições de Ensino Superior do país em torno da problemática da Pós-Graduação em Educação. Acredita-se que a realização deste evento venha congregar discussões e contribuições que possibilitem responder a uma das “vocações” da UERN que é avançar na verticalização do ensino e na pesquisa.
Veja a seguir a lista trabalhos aprovados:

sábado, 15 de agosto de 2009

'Levei mais de 20 tapas no rosto', diz professora agredida por mãe de aluna


A professora da maior escola pública de Santa Catarina que foi agredida pela mãe de uma aluna conta que recebeu mais de 20 tapas no rosto e, depois, caída, levou ainda pontapés.
Como forma de repúdio à agressão, os professores do Instituto Estadual de Educação (IEE), em Florianópolis, onde estudam cinco mil alunos, decidiram não dar aula na sexta-feira (14).
O caso aconteceu no começo da tarde de quinta-feira. A professora disse que, ao se aproximar da agressora, que queria falar com ela, em vez de cumprimento, ela recebeu tapas no rosto e pontapés. A cena aconteceu na frente de alunos. A agressão ocorreu antes de as aulas do turno da tarde começarem. A professora, que há 12 anos trabalha na Escola de Aplicação do IEE e pediu para não ser identificada, estava na sala de professores quando foi chamada por um colega para atender a mãe da aluna.
"Eu fui colocar a mão no ombro dela, e ela pegou a minha mão, não deixou eu falar e começou a me bater. Acho que levei mais de 20 tapas no rosto. Caí no chão e ela ficou me chutando", relembra a professora, que é contadora de histórias e há dois anos trabalha com 36 turmas de ensino infantil. Em quase duas décadas de profissão, nunca havia passado por situação semelhante. "O que mais me entristeceu é que tudo aconteceu na frente das duas filhas dela e de outras crianças. Fiquei mais machucada por causa disso."
Segundo a coordenadora da Escola de Aplicação, Ângela Zavarize, foi preciso a intervenção de outros professores para separar a mãe da professora. De acordo com ela, o rosto da contadora de histórias estava com bastante sangue. Um boletim de ocorrência foi registrado na 1ª Delegacia da Capital. A professora atacada acredita que a agressão teve origem em uma aula sua na qual sorteou um chiclete e uma tatuagem entre os estudantes e que a menina, filha da mulher que a agrediu, sentiu-se contrariada por não ter sido sorteada: "Ela ficou bastante nervosa, chutou a carteira e eu peguei a agenda dela para fazer uma anotação. Ela pediu para eu devolver a agenda." A professora disse que, quando isso aconteceu, a aula já estava acabando e outros alunos da turma começaram a se aproximar das duas. "Eu tentei afastar todo mundo e a menina foi para o fundo da sala. Ela tinha dois arranhões no pescoço. Eu tentei descobrir quem fez aquilo, porque podia ter sido eu ou qualquer outro aluno", lembrou. A diretora-geral do IEE, Gilda Mara Marcondes Penha, disse que em momento algum a mãe da criança procurou a escola para conversar ou registrar qualquer tipo de queixa em relação à professora. A escola não divulgou o nome da mãe para preservar a identidade da aluna.

(* Com informações do Diário Catarinense)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Alunos cubanos são melhores que os brasileiros porque seus professores sabem mais, diz pesquisador dos EUA Simone Harnik Em São Paulo


Avaliações internacionais revelam que o desempenho de estudantes cubanos em matemática e linguagem é bastante superior ao dos brasileiros. E, segundo o pesquisador da Universidade de Stanford Martin Carnoy, há uma razão para essa performance diferenciada na ilha de Fidel: lá a qualificação dos docentes é melhor e o envolvimento, maior. "A causa principal [para Cuba se destacar nas provas] é que os professores têm mais domínio da disciplina e têm uma clara ideia de como ensiná-la", afirmou o pesquisador ao UOL Educação. Carnoy estudou as diferenças nos sistemas de ensino do Brasil, de Cuba, e do Chile. Os resultados foram sintetizados no livro "A vantagem acadêmica de Cuba", publicado no Brasil pela Ediouro em parceria com a Fundação Lemann. Durante a última semana, o acadêmico ministrou palestras divulgando o trabalho no país.

A boa formação do magistério em Cuba é traduzida em alta cobrança aos estudantes - e isso cria um círculo virtuoso, já que os melhores alunos acabam se tornando professores no futuro. "Tudo isso acontece, porque o sistema apoia o professor, ensinando-o a lecionar", diz. Segundo o norte-americano, no Brasil, a maior parte dos docentes não é formada nas melhores universidades - que, por sua vez, pouco abordam a didática das disciplinas. "Os professores brasileiros não são ensinados a ensinar o currículo. Eles estudam teorias e têm de aprender a lecionar na prática, o que não é um bom método", avalia.

Diretores envolvidos

Além disso, a função do diretor da instituição de ensino em Cuba, afirma o pesquisador, é bem definida: "Ele é responsável pelo nível de instrução de cada estudante. Os diretores sabem exatamente o que cada aluno está aprendendo, sabem o que acontece na escola e com a família". "No Brasil, este papel não é claro. Raramente os diretores visitam as salas de aula", acrescenta. E o trabalho desse gestor na ilha é beneficiado pelo rigor de um conteúdo programático centralizado. "Em Cuba, não há diversidade no currículo. Em qualquer lugar do país, os estudantes devem aprender a mesma matéria ao mesmo tempo. Isso não acontece no Brasil, há muita diversidade nos currículos", opina. A abertura no currículo e a falta de rigor sobre o que deve ser ensinado tornam-se mais preocupantes, associados ao fato de que os alunos brasileiros são dispersos e menos solicitados a realizarem exercícios individuais ou coletivos durante as aulas - eles passam pouco tempo em cada tarefa. Em seu estudo de campo, Carnoy verificou isso filmando aulas de matemática nos dois países. "Os estudantes cubanos recebem uma folha para resolverem problemas. Depois do trabalho, eles discutem de verdade os erros. No Brasil, ainda há professores que passam a matéria na lousa. Os alunos são chamados para resolverem no quadro-negro e, se erram, os professores apagam e não debatem", relata. "É possível mudar essa situação, o que vai exigir muito esforço e vontade política."

Contexto social

O contexto social, de acordo com Carnoy, é outro fator relevante na análise das notas. "Cuba é uma sociedade centralizada e há grande ênfase na educação. O Estado garante que as crianças recebam uma boa educação e saúde", aponta. O cuidado com a saúde cubano leva ainda a uma nutrição mais vigorosa do corpo discente. Além disso, diz Carnoy, em Cuba praticamente não existe trabalho infantil e violência escolar. As crianças estudam em um ambiente mais seguro e menos desigual que o brasileiro. "O contexto social em Cuba é muito melhor para as crianças com baixa renda. No Brasil, 40% dos pobres ou muito pobres vivem em condições muito difíceis para aprenderem", diz. Mas, não, Carnoy não apoia o regime político fechado e autoritário da ilha. "Valorizo a liberdade, e esta é uma questão a se pensar. Vivo em uma sociedade que é muito desigual - 25% das crianças norte-americanas vivem na pobreza e não têm liberdades. Já, em Cuba, os adultos têm poucas liberdades, mas as crianças têm o direito de crescerem saudáveis", relativiza.

domingo, 9 de agosto de 2009


Aumentar o salário dos professores resolve o problema da educação? Salas com 40 crianças ou mais são o fim da picada? Convidamos alguns dos maiores especialistas na área para avaliar cinco conceitos cristalizados. Prepare-se para as surpresas
A educação é um território fértil para palpites. "Talvez porque, de uma forma ou de outra, todos fomos educados, e dessa história pessoal tiramos nossas conclusões, em geral muito superficiais e sempre fora de época", afirma o psicólogo e consultor José Ernesto Bologna, de São Paulo, analisando a aparente trivialidade com que é tratado o desafio de educar. Ele compara: "A situação é bem diferente, por exemplo, no plano da engenharia, um conjunto de buscas e soluções técnicas, apoiadas por uma ciência, a física, e uma linguagem objetiva, a matemática".
Que tal colocar sob análise rigorosa alguns dos conceitos mais divulgados atualmente como parte do receituário para melhorar a qualidade da educação? Pois bem, fazendo isso, afirmações aparentemente incontestáveis se revelam mitos, sofismas ou meias-verdades que só atravancam a discussão.


Para ler, clique nos itens abaixo:
Mito 1: Para melhorar a educação pública, basta aumentar o salário dos professores
É quase senso comum: o primeiro passo para aprimorar a educação seria elevar os gastos públicos na área, principalmente para pagar mais aos professores. Até há pouco tempo, refutar uma premissa como essa dependia, sobretudo, de coragem. Nos últimos anos, porém, diversas pesquisas vêm contestando a relação direta entre o poder do dinheiro e a qualidade do ensino. Em outubro passado, a pesquisadora egípcia Mona Mourshed, Ph.D. pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, apresentou em São Paulo o estudo "Como os melhores sistemas educacionais do mundo chegaram ao topo". O trabalho, realizado pela consultoria internacional McKinsey, radiografou as práticas de 20 sistemas de reconhecido sucesso e constatou que muitos países, como a Austrália e a Alemanha, duplicaram os investimentos em educação entre 1970 e 1994 sem alcançar qualquer melhoria. Nessas nações, a aprendizagem só foi reforçada quando os governos implantaram políticas eficientes para valorizar o professor. Isso foi feito não com salários acima da média, mas especialmente com maciços investimentos em capacitação e condições de trabalho, aliados a estratégias para elevar o prestígio social do educador - até mesmo com campanhas publicitárias. Claro: não quer dizer que educadores devem ganhar mal. Pelo contrário, precisam de salários dignos para que possam, inclusive, ter uma vida cultural intensa e não sejam obrigados a cumprir jornadas em mais de uma escola para pagar as contas do mês. "Mas não adianta apenas aumentar o salário sem tomar outras medidas", defende a secretária da Educação do estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro. Para ela, embora os salários brasileiros sejam inferiores ao desejável, há outras condições necessárias para produzir qualidade. "Em alguns lugares, os salários são mais altos do que a média, o que não obrigatoriamente resulta em uma educação melhor. É preciso que haja boa gestão, um currículo organizado, com expectativas de aprendizagem elevadas, professores motivados, materiais didáticos diversificados e formação continuada."
Mito 2: É impossível ensinar em salas de aula com mais de 40 alunos
Um estudo realizado em 2008 pela Fundação SM, entidade que investe em projetos educativos em países de língua espanhola e portuguesa, e pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) mostrou que 53% dos professores brasileiros estão descontentes com o alto número de alunos em sala de aula. Mesmo na rede particular, ao escolher uma escola os pais querem saber com quantos outros alunos seu filho estudará. "Em todo o mundo é assim", diz Mona Mourshed. Parece fazer sentido: com menos alunos, os professores teriam mais condições de controlar a turma e dar atendimento individualizado. Recentemente, porém, a consultoria McKinsey reuniu 120 estudos a esse respeito: 89 deles não estabeleciam uma relação significativa entre tamanho da sala e aprendizagem. Outros nove ainda encontraram em salas grandes um fator positivo. "A Coréia, um dos cinco países com melhor educação, coloca até 60 alunos nas salas", afirma Claudio de Moura Castro, ex-diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a área de educação. "As pesquisas mostram exaustivamente uma ausência quase total de associação entre tamanho das classes e resultados." Até na questão comportamental, as classes numerosas parecem levar vantagem. O psicólogo José Ernesto Bologna lembra que o papel da escola é também o de socialização. "A escola não deve repetir as proteções da casa", afirma. Segundo ele, as salas de aula maiores exigem mais disciplina, portanto mais capacidade de respeito, importante na formação para a vida.
Mito 3: Professor bom é professor que reprova
Pergunte a alguém com mais de 40 anos sobre quem foi um bom professor. Muito provavelmente, ele vai lhe descrever um profissional sisudo, exigente, que esbanjava conhecimento e, sobretudo, reprovava. Hoje, a lógica não é mais a do ensino, mas a da aprendizagem. Há um consenso entre os pesquisadores de que o bom professor é aquele capaz de conduzir o maior número de estudantes ao aprendizado. Ou seja, classes com excesso de alunos com dificuldades indicam que o educador não está conseguindo encontrar caminhos para motivá-los e ensiná-los. Por outro lado, reprovar os que não aprenderam não é necessário? Essa é uma questão complexa. Na rede pública, as pesquisas mostram que passar novamente pelos mesmos conteúdos não faz com que repetentes aprendam mais. O caminho mais provável é abandonar os estudos, depois de muitas tentativas. "Precisamos de uma escola em que os alunos aprendam e, portanto, em que a reprovação deixe de ser um assunto candente", defende Claudio de Moura Castro. Mas essa regra tem exceções. Para Maria Helena Bresser, diretora da Escola Móbile, em São Paulo, embora a repetência seja sempre um tema delicado para as famílias e para os alunos, há situações em que traz benefícios. No caso das crianças, pode representar uma chance de recomeço quando a auto-estima já foi afetada pelos contínuos insucessos; para os adolescentes, costuma induzir a uma mudança de atitude diante dos estudos. Maria Helena alerta, contudo, que a reprovação nunca deve acontecer por um fator isolado, como a dificuldade numa matéria específica.
Mito 4: Escola particular é sempre superior à pública
A crise do ensino público é relativamente recente. Foi a partir do final da década de 60 e sobretudo nos anos 70 que a escola pública incluiu uma massa colossal de crianças, que até então não tinha acesso à escola; ao mesmo tempo, perdeu a classe média, que escolheu pagar o preço da rede privada em vez de pressionar os governos a priorizar a educação. Porém, é falso pensar que a escola particular sempre é melhor do que a pública. "Escolas públicas que recebem alunos de origem social mais elevada são tão boas quanto as privadas", assegura Claudio de Moura Castro. Ele também lembra que mesmo escolas mais pobres, mas com a comunidade muito presente, podem apresentar resultados elevados. "São Brás do Suaçuí (MG) obteve 5,6 pontos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ficou, portanto, a quatro décimos da média da Europa. É uma cidade sem indústria e sem turismo. Sua riqueza é a atenção e o carinho que a comunidade dedica a suas escolas."
Verdade: Quanto mais tempo de estudo na escola, melhor

Lição de casa para os pais


A volta às aulas traz à tona uma das questões mais incômodas para pais de estudantes em todos os níveis de ensino: como ajudar a despertar nos filhos a curiosidade intelectual e fazê-los cultivar o apreço pelo estudo? Para tarefa tão complexa, não existe uma fórmula mágica que, aplicada à risca pela família, resultará num aluno exemplar. A excelência, afinal, é produto de muitas variáveis, tais como o talento individual e os estímulos providos pela própria escola - e não apenas de um ambiente favorável ao aprendizado em casa. O que já se sabe, no entanto, é que a participação dos pais é fundamental, se não decisiva, para um bom rendimento escolar. "Nenhum outro fator tem tanto impacto para o progresso de um aluno quanto a interferência adequada da família. E isso se faz sentir, positivamente, por toda a vida adulta", diz o economista Naércio Menezes, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e autor de um recente trabalho sobre o assunto no Brasil. O conjunto de medidas que surtem resultado, uma vez adotadas com persistência em casa, chama atenção pela simplicidade. Apenas incentivar o filho a fazer a lição de casa e a ir à escola todos os dias, providenciar um lugar tranquilo onde ele possa estudar e comparecer às reuniões de pais tem o efeito de elevar as notas em torno de 15%, segundo a pesquisa do Insper. As boas práticas que se originam desse e de outros estudos (listadas abaixo) não fogem muito do que sugere o senso comum. Tome-se o exemplo da lição de casa. Muitos pais se angustiam porque não têm a menor ideia de como responder a dúvidas de matemática ou física. Mesmo quando dominam um assunto, ficam na dúvida: até que ponto prestar ajuda quando são requisitados? Na verdade, tudo o que é necessário é incentivar uma leitura mais atenta do enunciado, indicar fontes de pesquisa ou estimular uma nova reflexão sobre o problema. Jamais dar a resposta certa, procedimento cuja repetição está associada à queda no rendimento do aluno. "Participação exagerada só atrapalha. A independência nos estudos deve ser cultivada, e não tolhida", diz Maria Inês Fini, doutora em educação. Os especialistas concordam que não cabe aos pais agir como professores em casa - confusão comum, e sem nenhum reflexo positivo. O que sempre ajuda, aí sim, é demonstrar, desde cedo e de forma bem concreta, quanto se valoriza a educação, essa talvez a maior contribuição possível da família. Daí a relevância de montar uma biblioteca em casa ou de manter o hábito de conversar com os filhos sobre o que se passa na escola. De acordo com uma recente compilação de 29 estudos sobre o tema, esse tipo de ambiente se traduz numa série de indicadores positivos, como mais vontade de ir à aula, um comportamento melhor na escola e expectativas mais elevadas sobre o futuro. Os pais brasileiros estão longe de figurar entre os mais participativos na rotina escolar. Enquanto nos países da OCDE (organização que reúne os países mais ricos) 64% deles se dizem atuantes, no Brasil esse dado costuma variar entre 20% e 30%, dependendo de quem dá o número. Parte do flagrante desinteresse se deve à baixa escolaridade de uma enorme parcela dos pais, que não permaneceu na escola tempo suficiente para aprender a ler, tampouco para consolidar o hábito do estudo de modo a passá-lo adiante. "Quase não estudei na vida e sempre tive muita dificuldade para ajudar o meu filho nisso", diz a cearense Maria de Fátima Lima, 40 anos, que deixou a escola na 2ª série do ensino fundamental e é mãe de Mailson, de 9 anos. Mas isso não explica tudo. A experiência dos colégios particulares também aponta para a distância dos pais. Uma das razões remete ao fato de a educação no Brasil ainda não ser vista como artigo prioritário - inclusive nas classes mais altas. Em uma nova pesquisa da consultoria Nielsen, a educação aparece em quinto lugar entre as maiores preocupações dos brasileiros. Vem atrás de estabilidade no emprego, equilíbrio entre trabalho e lazer, pagamento de dívidas e a economia do país. Outra explicação para a distância que separa os pais da vida escolar está numa ideia incrustada no pensamento do brasileiro: a de que a escola deve se encarregar, sozinha, do processo educativo. Essa é a visão predominante na América Latina e oposta à que impera nos Estados Unidos ou em países asiáticos. "Os pais fazem fila na porta da minha sala para saber como vão seus filhos", relata Soleiman Dias, professor brasileiro que há sete anos dá aulas na Coreia do Sul. Essa atividade lhe consome uma hora por dia. Nada parecido com o que se vê na maioria das escolas brasileiras. "Em países mais dependentes do estado, como o Brasil, a tendência é terceirizar responsabilidades", diz o economista Claudio de Moura Castro, articulista de VEJA e especialista em educação. "É o que fazem as famílias brasileiras ao esperar que todas as iniciativas partam da escola." A esse caldo cultural somam-se ainda os efeitos do que se seguiu aos anos 60. A partir daí, inicia-se no Brasil um forte processo de contestação à noção de hierarquia, tendo como pano de fundo a escalada dos movimentos estudantis e a contracultura. Na relação entre pais e filhos, o conceito de liberdade passou a ser confundido com permissividade. Avalia Tania Zagury, educadora e autora do livro Escola sem Conflito: Parceria com os Pais: "A inabilidade das famílias em estabelecer limites em casa faz com que deleguem à escola tarefas que deveriam ser delas também". Os efeitos são desastrosos. A pressão exercida sobre a escola não leva a nenhum ganho para os alunos. "Existe aquele perfil de pai que só se preocupa com a nota do filho e chega aqui dizendo: 'Eu pago por esse serviço e quero um retorno'", conta Sílvio Barini, diretor do São Domingos, colégio particular de São Paulo. "Ele não faz a sua parte e espera da escola soluções milagrosas." Não é, no entanto, a reação mais comum ali. A participação das famílias no colégio se tornou relativamente alta de dois anos para cá, com a presença dos pais num conselho que, entre outras coisas, toma decisões sobre o orçamento e trata das questões do ensino. O sistema, implantado nos anos 90, a princípio não deu certo. As famílias tentavam apitar até no currículo. Estabelecidos os limites, hoje funciona bem. "É uma chance de opinar sobre o destino das mensalidades que pagamos e de conhecer bem os professores", diz o cientista social Hernani Lotufo, 55 anos, que tem cadeira no conselho e é pai de Maria Clara, 6, e João Miguel, 11. Não é preciso, no entanto, despender tanto tempo para influenciar positivamente na rotina escolar. Às vezes, não é necessário sequer ir à escola. É o que propiciam colégios como o Bandeirantes, em São Paulo, que já colocam na internet fichas dos alunos, com notas e faltas, além do programa das aulas. O contato pessoal com os professores fica a critério dos pais. Diz a psicóloga Monica Dib, mãe de André, 16 anos: "Eu, que tenho pouco tempo para estar inteirada, hoje consigo manter ótimas conversas com meu filho sobre a escola". Apesar de ainda raras, as boas iniciativas das escolas brasileiras para atrair os pais começam a revelar seus efeitos. Eles já aparecem, por exemplo, num conjunto de escolas públicas onde a Unesco, em parceria com o Ministério da Educação, encontrou programas eficazes. Alguns de seus princípios podem ser facilmente transplantados para a realidade dos colégios particulares. Por exemplo, a ideia de prestar aos pais um atendimento mais individualizado, bem diferente do das enfadonhas reuniões bimestrais. Um programa implantado em 47 escolas de Taboão da Serra, município localizado na região metropolitana de São Paulo, chega a enviar os professores à casa dos estudantes, para orientar os pais sobre como ajudar nos estudos e saber mais do que se passa com cada aluno. "Com isso, posso traçar um plano de aulas mais ajustado às necessidades reais dos alunos", diz a professora Guiomar Souza, munida dos resultados dessas medidas. Em dois anos, as notas dos estudantes em exames oficiais subiram 10%. Reuniões individuais com cada família, mesmo que sejam na escola, já têm bom efeito. Em 137 colégios municipais de Teresina, professores e assistentes sociais são treinados para conseguir orientar melhor os pais nesses encontros. A diferença se revela na casa de gente como Maria da Silva Costa, 57 anos, responsável pela criação do neto, César. "Não sei ler, então a escola sugeriu que eu pedisse a meu neto que lesse contas e cartas para mim. Ele adorou." As pesquisas não deixam dúvidas quanto à eficácia de uma boa relação entre a escola e a família, ainda que ela não precise ser assídua nem tão intensa. A experiência de pais como a psicóloga Virgínia Carnevale e o engenheiro Paulo Nessimian aponta para ganhos bem concretos. Com dois filhos formados e outros dois matriculados no Santo Inácio, colégio particular do Rio de Janeiro, o casal sempre manteve um ótimo diálogo com a escola. "Quando aparece uma nota baixa no boletim, sento com o coordenador e traçamos juntos um plano para resolver o problema", exemplifica Virgínia. O colégio dispõe de profissionais de plantão para atender pais como ela, desenvolve atividades esportivas que incluem as famílias e ainda abre as portas para que organizem festas ali - todas medidas para chamar atenção para a escola. Isso certamente ajuda a explicar por que o Santo Inácio aparece entre as dez melhores do país, no ranking do Enem. Conclui a especialista Maria Helena Guimarães: "O esforço conjunto da escola com a família se traduz num potente motor para o aprendizado". Compensa. Um estudo da Fundação Getulio Vargas mostra que os efeitos da presença dos pais na vida escolar, ainda que mínima, se fazem notar por toda a vida adulta. Na infância e na adolescência, a participação da família não está associada apenas às notas mais altas, mas também a uma considerável redução nos índices de evasão. Para se ter uma ideia, o risco de que crianças egressas de um ambiente favorável aos estudos abandonem a escola cai, em média, 64%. É uma diferença gritante - e decisiva para o sucesso bem mais tarde, no mercado de trabalho. Basta dizer que cada ano a mais na escola faz subir o salário, em média, 15%. O impacto aumenta na medida em que se progride nos estudos. Um ano de pós-graduação, por exemplo, significa um ganho de quase 20% no salário. "Quanto mais educação, maior será o retorno", resume o economista Marcelo Neri, autor da pesquisa. É razão suficiente para que os pais brasileiros comecem a prestar mais atenção à rotina escolar.

Democracia na gestão da escola Saiba como os Conselhos Escolares funcionam e porque você deve aderir ao da sua escola


A participação das famílias na educação formal dos estudantes pode ir muito além do acompanhamento de boletins e de conversas com professores. O envolvimento direto dos pais no dia a dia da escola, acompanhando questões ligadas à administração e ao ensino, pode ser vital para a melhoria da educação - e os conselhos escolares são ótimas formas de fazer isso acontecer.
“Por meio do conselho é possível envolver a comunidade e estimulá-la a acompanhar os estudos dos seus filhos e o que está acontecendo na escola,” conta Maria Luiza Martins Aléssio, diretora de Fortalecimento Institucional e Gestão Educacional do Ministério da Educação.
Um exemplo bem sucedido é o da escola de educação infantil Sarah Victalino Gueiros, no município de Vila Velha (ES). Com o estímulo da secretaria de Educação do município, os professores do colégio tomaram a iniciativa, convocaram a comunidade e criaram um Conselho Escolar no colégio. Mais de 200 pais participaram das primeiras votações. Agora, os integrantes do conselho deliberam juntos sobre questões que vão do plano pedagógico à merenda servida no colégio. “Sem um conselho, é impossível ter uma escola pública de qualidade”, diz a diretora da escola, Lidia de Vargas Araujo. “Não sei como eu conseguiria trabalhar sem o conselho lado a lado comigo”.
O Conselho é formado por representantes de todos os grupos envolvidos com a educação: funcionários e professores da escola, pais e outros membros da comunidade. Ao trazer todos os interessados para discussão e tirar as decisões da mão de poucos, ele transforma a escola em um ambiente mais democrático e transparente.
A seguir, entenda como os Conselhos Escolares funcionam, porque eles são essenciais para uma boa gestão escolar e porque você deve aderir.

sábado, 8 de agosto de 2009

Morte de Jackson marcou dia mais triste na internet, diz estudo



É possível dizer o quanto estamos felizes? Sim, de acordo com cientistas norte-americanos que inventaram uma maneira de medir a felicidade de milhões de blogueiros e descobriram que a morte de Michael Jackson foi um dos dias mais tristes, enquanto a eleição dos Estados Unidos foi o dia mais feliz em quatro anos. Peter Dodds e Chris Danforth, um matemático e um cientista do Centro Avançado de Computação na Universidade de Vermont, criaram um "sensor" para monitorar 2,3 milhões de blogs e reunir frases que começassem com "eu sinto" ou "estou sentindo". Cada frase recebia, então, uma pontuação de felicidade desde um ponto até nove, dependendo de um sistema de pontos fixados a 1.034 palavras. Por exemplo, "vitorioso" marca 8,87 pontos, "paraíso" 8,72, e "suicídio", 1,25. Eles disseram que esse "medidor de felicidade" mostrou que o dia da eleição norte-americana, em novembro do ano passado, foi o dia mais feliz em quatro anos com um pico na palavra "orgulhoso", enquanto o dia da morte do rei do pop foi o mais triste. "A proliferação da assinatura pessoal on-line, como a dos blogs, nos dá a oportunidade de medir os níveis emocionais em tempo real", disseram em um artigo intitulado "Medindo a felicidade de expressões escritas em grande escala: músicas, blogs e presidentes". O estudo dos cientistas, divulgado esta semana no Journal of Happiness Studies, envolveu a reunião de cerca de dez milhões de frases. "Nosso método é apenas aplicável a textos de grande escala, como os que estão disponíveis na Internet. Qualquer frase solta não poderia mostrar muito. Há muita variabilidade em expressões individuais", disse Dodds. Os cientistas disseram ainda que os autores dos blogs tendem a ser mais jovens e mais educados do que a média, e representam amplamente a população norte-americana. Além disso, os autores também escrevem em um ambiente neutro, onde se sentem confortáveis, ao contrário de outras pesquisas de felicidade, em que os participantes são colocados no foco da atenção. "Eles pensam que estão se comunicando com amigos, mas [desde que os blogs são públicos], estão lendo sobre os ombros dos outros", afirmou Danforth. Fonte: Reuters

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Jovem processa centro de ensino nos EUA por não ajudá-la a achar trabalho

Uma jovem nova-iorquina processou um centro de ensino por considerar que ele não a ajudou o suficiente a encontrar trabalho, e quer que a instituição lhe devolva os US$ 70 mil que pagou por seu título universitário.
O jornal "The New York Post" informou nesta segunda-feira (3) que Trina Thompson, de 27 anos e desempregada, apresentou um requerimento perante uma corte do bairro nova-iorquino do Bronx contra o Monroe College.
Em seu processo, Trina argumentou que esse centro não lhe deu os conhecimentos e assessoria profissional que prometia, e que, por isso, não conseguiu encontrar trabalho nos quatro meses desde que terminou seus estudos em tecnologias da informação.
"Não se esforçaram o suficiente em me ajudar", lamentou no processo a jovem, que agora tem que pagar o empréstimo solicitado para financiar o curso. Trina afirma ainda que a única fonte de renda da família, o salário da mãe como professora suplente, é insuficiente para quitar as dívidas, diz o jornal.
O centro de ensino especializado em estudos empresariais considerou, no entanto, que o processo não faz sentido algum e insiste em que sempre ajuda seus graduados a encontrar trabalho por meio de diversas iniciativas.
"O processo não tem base alguma. A escola está muito orgulhosa do excelente apoio para o desenvolvimento profissional que oferece a cada um de seus estudantes", disse Gary Axelbank, porta-voz do centro, em declarações ao jornal