segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sistema de ciclos tem desempenho equivalente ao de séries

O sistema escolar de ciclos tem desempenho equivalente ao de séries. A conclusão é da pesquisa desenvolvida para a tese de doutorado “Análise do desempenho do ensino fundamental de escolas cicladas e não-cicladas (sistema de séries)”, da educadora Ivanete Bellucci Pires de Almeida, defendida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A pesquisadora analisou 110 unidades escolares públicas de Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), a partir de dados de proficiência média em leitura e matemática, trabalho pedagógico do professor e nível socioeconômico. Foram cruzados dados de aplicações de testes de leitura e matemática em 12.678 alunos do ensino fundamental dos três polos – 10.201 de escolas que adotam os ciclos e 2.477 que utilizam as séries. A pesquisa envolveu também 416 professores.
A análise dos dados mostra que o desempenho do aluno é altamente influenciado por três características dos professores avaliados: a participação ativa do educador na concepção do projeto pedagógico da escola; a manutenção do professor na escola por mais de três anos; e a experiência de mais de três anos do educador em uma determinada série.
“Observamos que entre as que se apresentaram eficientes, o professor é participante e entende que seu trabalho deve fazer diferença na escola”, explicou Ivanete ao Jornal da Unicamp. Ela acredita que quanto mais tempo o professor passar em uma determinada série, maior será a oportunidade de se aprimorar e isso reflete no desempenho das crianças.
As informações foram cruzadas por meio do modelo matemático Análise por Envoltória de Dados (DEA), que, segundo a pesquisadora, facilitou a identificação de escolas eficientes e não eficientes ao mesmo tempo em que permitiu trabalhar com múltiplos recursos e possibilitou melhores resultados para o estudo. “Ressaltamos que esses resultados não podem extrapolar além do conjunto de escolas pesquisadas”.

Aprofundamento

“As escolas eficientes precisam ser analisadas por especialistas em qualidade de ensino”, explica Ivanete. A pesquisadora salienta a necessidade de investigar profundamente os elementos que conduzem essas unidades à eficiência para que sejam aplicados em outras escolas.
A eficiência das escolas independe do nível socieconômico médio, segundo Ivanete. “Algumas escolas consideradas eficientes estão em lugares periféricos de seus municípios. O que pode dizer é que é possível na periferia, com condições adversas, fazer trabalho significativo com os alunos, desenvolver um trabalho que faça diferença na vida do aluno”, enfatiza.
Quanto à estrutura, as escolas também se igualam nos estados pesquisados. “Observamos que a escola pública é muito parecida no que diz respeito à estrutura física: tem os professores, um coordenador pedagógico, um diretor, um vice-diretor e os alunos em média com a mesma idade. Não existe marca que indique superação entre uma ou outra”, acentua.


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